26 novembro 2008

As propostas de atualização doutrinária com tendências sincréticas


Uma das mais comuns alegações dos simpatizantes do espírito Ramatis diz respeito a uma suposta necessidade de atualização da Doutrina Espírita, ao mesmo tempo que consideram que deva o Espiritismo aceitar influências e enxertias oriundas de doutrinas da Antiguidade.

Nada melhor do que consultarmos o próprio Codificador sobre essa questão, já que suas palavras são habilmente manipuladas para referendar essa defesa de um Espiritismo eclético e sincretista, pronto a aceitar toda e qualquer "colaboração", seja advindas de religiões e doutrinas do passado, como de indivíduos encarnados ou desencarnados, de forma isolada.

"O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, ele se modificará sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará."

Verificamos aí que Kardec admite mudanças, desde que amparadas por novas descobertas, obviamente conduzidas pela Ciência.

E prossegue:

"Por sua natureza, a revelação espírita tem um duplo caráter: consiste ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica.
O primeiro, porque seu advento é providencial, e não o resultado da iniciativa ou de um propósito premeditado pelo homem; porque os pontos fundamentais da doutrina são de fato o ensinamento dado pelos Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens sobre as coisas que ignoram, que não poderiam aprender por si mesmos, e que lhes importa conhecer, hoje que já estão maduros para os compreender.
O segundo, porque este ensinamento não é o privilégio de nenhum indivíduo, mas é dado a todos da mesma forma; porque aqueles que o transmitem e os recebem não são absolutamente seres passivos, dispensados do trabalho de observação e de pesquisa; porque não devem abnegar de seu julgamento e de seu livre arbítrio; porque o controle não lhes está interdito mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi de forma alguma ditada integralmente, nem impõe a crença cega; porque ela é deduzida pelo trabalho do homem, pela observação dos fatos que os Espíritos colocaram sob seus olhos, e pelas instruções que lhes deram.
Essas instruções ele estuda, comenta, compara, tirando então, por si mesmo, suas conseqüências e aplicações. Em uma palavra, o que caracteriza a revelação espírita, é que a fonte é divina, a iniciativa pertence aos Espíritos, e sua elaboração vem do trabalho do homem."

Vemos, pois, que o Espiritismo possui certas características da ciência: ele aplica o método experimental, vai às causas e às leis que regem os fenômenos, encoraja a objetividade, o espírito crítico e o desinteresse.

Herculano Pires se manifestou também a esse respeito:

“Acontece, porém, que o Espiritismo é doutrina do futuro e não do passado ou do presente. Como os Evangelhos, que depois de dois mil anos continuam a nos empurrar para a frente, a Codificação está muito longe de ter sido superada. Pelo contrário, somente agora as Ciências estão dando os primeiros sinais de se aproximarem do Espiritismo. Dessa maneira, os confrades aflitos, que se esfalfam na dura tarefa de “atualizar o Espiritismo”, estão apenas equivocados”.

“Todo o esquema da Doutrina Espírita apresenta-se harmonioso, perfeitamente conjugado em seus diferentes aspectos, antecedendo as conquistas em marcha nos vários setores do conhecimento. É por isso que não se pode falar em atualização do Espiritismo sem demonstrar ignorância doutrinária. Atualiza-se o que caducou, o que foi superado pela evolução, o que pertence ao passado. A própria linguagem da Codificação não comporta modificações pretensamente renovadoras. Se assim não fosse, teríamos de considerar como fracassados os Espíritos superiores que a revelaram e que, desde o princípio, indicam a sua função de plataforma do futuro.” ("Na Hora do Testemunho" – Herculano Pires – Paidéia – 1a edição – pg. 58)

Sugerimos, por fim, a leitura do editorial abaixo, importante para conscientização da situação que hoje enfrentamos no Movimento Espírita:

NÃO HÁ COMO CONTEMPORIZAR COM SISTEMAS DIVERGENTES NO MEIO ESPÍRITA