24 dezembro 2009

Divaldo apoia Ramatis... Mas, e daí?

O médium Divaldo Franco, em foto recente
Há muito tempo estamos aguardando para falar sobre esse assunto. No entanto, como alguns ramatisistas vêm se utilizando da declaração do citado médium datada de 15 de agosto de 2004 para dar credibilidade ao espírito Ramatis, resolvemos fazer algumas considerações. O áudio da palestra pode ser ouvido acessando Divaldo fala sobre Ramatis.

A princípio, ficamos verdadeiramente surpresos quando soubemos, quase que imediatamente, que o conhecido médium Divaldo Pereira Franco havia proferido, em público, considerações elogiosas acerca do espírito Ramatis. Afinal, Divaldo sempre se apresentou como fiel defensor do Espiritismo e da Codificação Kardeciana, assim como psicografou livros de um dos maiores expoentes da pureza doutrinária, o cearense Vianna de Carvalho.

Com certeza, seu trabalho de divulgação é notável, temos de reconhecer. Porém, assim como todos nós, o médium Divaldo tem o direito a ter suas opiniões, nem sempre todas elas, contudo, abalizadas pela Doutrina. O que não se pode, por isso, é tomar suas opiniões como se representassem o posicionamento do Espiritismo ou mesmo fosse um reflexo indefectível da Verdade. Nos últimos tempos, aliás, Divaldo Franco tem se envolvido em inúmeras polêmicas. Muitas delas, inclusive, receberam sinais de desagrado tanto de espíritas como dos próprios ramatisistas, como poderemos nos certificar neste nosso artigo.

Inicialmente, não poderíamos deixar de colocar as coisas como elas devem verdadeiramente ser. Em termos de divulgação e entendimento doutrinário, a primeira e a última palavra deva ser a da Codificação Espírita, acima de toda e qualquer opinião individual, seja de um espírito ou de um indivíduo encarnado. Concomitantemente à Doutrina, a Ciência material, naquilo que ela estuda e aborda, também deve ser levada em consideração, tal qual explicou o Codificador:

"...O Espiritismo não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará."

Portanto, é importante ressaltar que o posicionamento espírita acompanha o progresso científico, e não opiniões isoladas de médiuns ou de espíritos. Esta é uma questão capital nesta nossa análise.

Da mesma forma, notamos que se tem dado aos médiuns, especialmente no Movimento Espírita Brasileiro, uma autoridade e notoriedade que eles jamais tiveram à época de Kardec e na própria Codificação, por exemplo. Claro que se pode ser, ao mesmo tempo, um grande conhecedor da Doutrina e médium, mas o que a grande maioria leva unicamente em consideração, infelizmente, é a mediunidade (ostensiva) do indivíduo, como se isso, por si só, o elevasse à condição de ser superior, inatacável e acima do Bem e do Mal. Esta é uma visão equivocada, oriunda do desconhecimento acerca do papel do médium e também de um certo misticismo atávico, onde o médium é tido como possuidor de "poderes sobrenaturais" ou alguma espécie de intercessor ou "pistolão" espiritual, pronto a interceder em favor de seus seguidores e admiradores, haja vista o número de pessoas que seguem alguns desses medianeiros em verdadeiras caravanas. O interesse, neste caso, passa a não ser mais o conhecimento espírita, mas uma ostensiva idolatria à figura do médium em si.

Assim sendo, é evidentemente errôneo formarmos uma opinião baseados tão-somente no que disse o médium "X" ou "Y", abandonando a Codificação Espírita e a Ciência, assim como a razão, a lógica e o bom-senso. Isso é abdicar da razão e fé raciocinada, postura totalmente em oposição àquilo que o Espiritismo ensina.

As Polêmicas

Como dissemos no início, o médium Divaldo Franco tem se envolvido em inúmeras polêmicas, algumas delas ferindo tanto posicionamentos da própria Doutrina como dos ramatisistas, que listaremos e comentaremos a seguir.

Apometria

Como pudemos desenvolver no tópico "O Que Está por trás da Apometria", Ramatis e os ramatisistas se se colocam como maiores incentivadores da Apometria. No entanto, a posição de Divaldo é diametralmente oposta:

"Apometria não é Espiritismo"

Autor: Divaldo Pereira Franco

Não irei entrar no mérito nem no estudo da apometria porque eu não sou apômetra, eu sou espírita e o que posso dizer é que a apometria, segundo os apômetras, não é espiritismo. Porquanto as suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de 'O Livro dos Médiuns'. Não examinaremos aqui o mérito ou demérito porque eu não pratico a apometria, mas segundo os livros que tem sido publicados, a apometria, segundo a presunção de alguns, é um passo avançado do movimento Espírita no qual Allan Kardec estaria ultrapassado. Allan Kardec foi a proposta para o século XIX e para parte do século XX e a apometria é o degrau mais evoluído no qual Allan Kardec encontra-se totalmente ultrapassado. Tese com a qual, na condição de espírita, eu não concordo em absoluto". (...) Então, se alguém prefere a apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture para não confundir."(Leia o texto na íntegra em http://www.oespiritismo.com.br/textos/ver.php?id1=91)

Crianças Índigo e Cristal

Já no meio espírita, Divaldo recebeu duras críticas por seu apoio à tese da existência das chamadas "crianças índigo" e "cristal", originária de uma estranha seita "new age". Em oposição a esse posicionamento e baseados nas obras da Codificação e nas orientações de Allan Kardec, vários estudiosos, tais como Paulo Henrique Figueiredo, Heloisa Pires, Rita Foelker, e lançaram artigos e documentos em conjunto em que afirmam provar que esta teoria não sobrevive ao crivo da razão e da análise científica.

Ainda segundo o escritor e dirigente espírita Richard Simonetti, da cidade de Bauru-SP, essas crianças seriam, ao invés de espíritos evoluídos, como afirma Divaldo, "uma geração de espiritos perturbados, com subdesenvolvimento moral, comprometidos com graves desvios de existências anteriores. Não podem ser identificados como espiritos missionários porque detestam a disciplina e assumem postura que contrariam elementares princípios de civilidade".

Já a pedagoga Dora Incontri afirma que tudo não passa de uma mistificação grosseira, oriunda das mensagens de um espírito chamado Kryon, que a tradução brasileira mudou para "médium Kryon", que se afirma extra-terrestre e o espírito mais próximo de Deus. Uma grande mistificação com fins comerciais, sem nenhuma racionalidade, sem nenhum critério científico. Segundo ainda a pedagoga, "espíritas embarcam gostosamente na idéia. Por que? Alguns certamente o fizeram de boa fé, outros com claros interesses financeiros, porque se trata de uma tema vendável, na linha da auto-ajuda descompromissada, aquela que agrada ao leitor, por trazer receitinhas prontas de como tratar um filho índigo - e muitos podem se iludir no orgulho de ter um filho de aura azul, predestinado a mudar o mundo, um mutante genético".


O Fim dos Tempos

Como bem sabemos, Ramatis defende a tese da existência de um astro que, devido a sua aproximação com nosso planeta, iria provocar, até o ano 2000, a elevação abrupta do eixo terrestre e consequentes cataclismas globais que viriam a dizimar boa parte da humanidade. Embora Divaldo Franco tenha defendido o espírito Ramatis, o mesmo não parece corroborar tais previsões apocalípticas em entrevista ao jornal "O Paraná", muito pelo contrário:

O Paraná: "Muitos acreditam no final dos tempos, a partir da virada para o próximo milênio. Como o Espiritismo encara isso?"

Divaldo: "Como uma superstição. Normalmente, através da história, a mudança de século sempre trouxe, particularmente na idade média, o fantasma do horror. Baseado em que, nessa mudança, a Terra se deslocaria do eixo, haveria uma erupção de epidemias, de terremotos, maremotos, de fenômenos sísmicos e, na virada do milênio, foi ainda mais apavorante, por causa desse mesmo critério supersticioso. Em todo o Evangelho, nos 27 livros que o constituem, não há nenhuma referência ao novo milênio. As observações, a respeito do "fim do mundo", estão no Apocalipse de João, quando ele dirá, através de metáforas e de imagens, de uma concepção de um estado alterado de consciência, que vê a transformação que se operaria na Humanidade. Mais tarde poderíamos colher outros resultados também no chamado sermão profético de Jesus, que está no evangelista Marcos, capítulo 13, versículo 1 e seguintes, quando Jesus saía do templo de Jerusalém e os discípulos, muito emocionados, dizem: - "Senhor, vede que pedras, vede que templo". E Jesus lhes redargue: - "Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada". Foram para o Getsêmani, no Horto das Oliveiras, e ali os amigos disseram: "Conta-nos quais serão os sinais que antecederão a isso". Ele narra uma série de fenômenos que certamente atingiriam a Terra. Aconteceu que, realmente, no ano 70, Tito teve a oportunidade de derrubar o templo de Jerusalém, que não foi mais reerguido, e no ano 150, na segunda diáspora dos hebreus, praticamente Jerusalém foi destituída da Terra, somente voltando a ter cidadania quando a ONU reconheceu o Estado de Israel com os direitos que, aliás, lhe são credenciados e que ele merece. Mas as doutrinas religiosas, com o respeito que nos merecem, que sempre se caracterizaram pelo Deus-temor ao invés do Deus-amor, por manterem as pessoas na ignorância e intimidá-las, ao invés de libertá-las pelo esclarecimento, estabeleceram que o fim do mundo seria desastroso, seria cruel, como se não vivêssemos perpetuamente num mundo desastroso e cruel, cheio de acidentes, de vulcões, de terremotos, de maremotos, de guerras, de pestes, etc. Para nós, espíritas, o fim do mundo será o fim do mundo moral negativo, quando nós iremos combater os adversários piores, que são os que estão dentro de nós: as paixões dissolventes; os atavismos de natureza instintiva agressiva; a crueldade; o egoísmo e, por conseqüência, todos veremos uma mudança da face da Terra, quando nós, cidadãos, nos resolvamos por libertar-nos em definitivo das nossas velhas amarras ao ego e das justificativas por mecanismos de fuga. Então o homem do futuro será um homem mais feliz, sem dúvida. Haverá uma mudança também da justiça social. Haverá justiça social na Terra, porque nós, as criaturas, compreenderemos os nossos direitos, mas acima de tudo, os nossos deveres, deveres esses como fatores decisivos aos nossos direitos. Daí, a nossa visão apocalíptica do fim dos tempos é a visão da transformação moral em que esses tempos de calamidade passarão a ser peças de museu, que o futuro encarará com uma certa compaixão, como nós encaramos períodos do passado que nos inspiram certo repúdio e piedade pela ignorância, então, que vicejava naquelas épocas". (Fonte: http://www.mundoespirita.com.br/antigo/jornal/set6-1.htm)

A Umbanda e os Pretos Velhos

Sabemos que o movimento ramatisista possui muita simpatia pela Umbanda, sendo que inúmeros médiuns umbandistas têm alegado receber mensagens de Ramatis. Divaldo Franco, contudo, declarou o seguinte recentemente, causando espécie em muitos umbandistas e ramatisistas também:

"... Na cultura brasileira, remanescente do africanismo, há uma postura muito pieguista, que é a do preto velho. E muitas pessoas acham que é sintoma de boa mediunidade ser intrumento de preto velho. Quando lhe explicamos que não há pretos velhos, nem brancos velhos, que todos são Espíritos, ficam muito magoadas, dizendo que nós, espíritas, não gostamos de pretos velhos. E lhes explicamos que não é o gostar ou não gostar. Se tivessem lido em 'O Livro dos Médiuns', 'O Laboratório do Mundo Espiritual', saberiam que se a entidade mantém determinadas características do mundo físico, é porque se trata de um ser atrasado. Imagine o Espírito que manquejava na Terra, porque teve uma perna amputada, ter de aparecer somente com a perna amputada. Ele pode aparecer conforme queira, para fazer-se identificar, não que seja o seu estado espiritual. Quando, ao retornar à Pátria da Verdade, com os conhecimentos das suas múltiplas reencarnações anteriores, pode apresentar-se conforme lhe aprouver.

Então, a questão do preto velho é um fenômeno de natureza animista africanista, de natureza piegas. Porque nós achamos que o fato de ter sido preto e velho, tem que ser Espírito bom, e não é. Pois houve muito preto velho escravo que era mau, tão cruel quanto o branco, insidioso e venal. E também houve e há muito branco velho que é venal, é indigno e corrompido. O fato de ter sido branco ou preto não quer dizer que seja um Espírito bom.

Cabe ao médium ter cuidado com esses atavismos, e quando esses Espíritos vierem falando errado, ou mantendo os cacoetes característicos das reencarnações passadas, aclarar-lhes quanto à desnecessidade disso. Porque se, em verdade, o preto velho quer falar em nagô, que fale em nagô, mas que não fale um enrolado que não é coisa nenhuma. Ou, se a entidade foi alemã na Terra e não logre falar o idioma do médium, que fale alemão, mas que não fale um falso alemão para impressionar. O médium só poderá falar o idioma no qual ele já reencarnou em alguma experiência passada. Desde que não há milagres nem sobrenatural, o médium é um instrumento. Sendo a mediunidade um fenômeno orgânico, o Espírito desencarnado vai utilizar o que encontre arquivado no psiquismo do médium, para que isto venha à baila." (Extrato de um ensaio do médium Divaldo Pereira Franco, que tem como título "Consciência")

Aliás, é bom que se diga que a visão de Ramatis varia de médium para médium. Enquanto que para o Ramatís de Hercilio Maes a Umbanda é culto fetichista, para o Ramatís de Norberto Peixoto é a religião do terceiro milênio...

Rituais

Segundo Ramatis, "rituais, mantras, etc. são meios de se alcançar o 'Cristo Planetário'", espírito superior até a Jesus. ("Mensagens do Astral", pág. 302) Assim sendo, para Ramatis, rituais podem nos colocar em comunicação até mesmo com espíritos bastante adiantados. Para Divaldo, contudo, rituais não se justificam:

O Paraná: "Existem rituais no Espiritismo?"

Divaldo: "O Espiritismo, inicialmente, é o resultado de uma investigação científica, por isso mesmo dizemos que o Espiritismo é ciência, não uma ciência convencional, porque o material com que labora não obedece às leis das doutrinas físicas. Trabalhando com o espírito imortal, está sempre na dependência das suas reações psicológicas, das suas atitudes emocionais. Essa investigação científica, que é resultado da observação, ofereceu uma visão filosófica, e nessa proposta filosófica, o Espiritismo responde aos quesitos que perturbam o pensamento filosófico. Por efeito, tem uma ética moral. Nessa ética moral surge uma vertente religiosa, não do ponto de vista de uma religião constituída, que se caracteriza por um misticismo, por paramentos, por sacerdócio organizado, pelas expressões seitistas, ou que se permita caracterizar por uma forma ou fórmula de culto externo. É, portanto, uma doutrina destituída de toda e qualquer apresentação visual que tenha por meta impressionar. É uma Doutrina que leva o indivíduo a uma auto-reflexão a respeito da vida e das suas responsabilidades perante a consciência cósmica."

Divaldo e Sai Baba

É conhecida, já de muito tempo, a admiração de Divaldo Franco pelo guru indiano Sathya Sai Baba. O médium baiano, assim como fez com Ramatis, rasgou-se em elogios a Sai Baba, afirmando ser o mesmo um dos seres mais evoluídos da Terra e digno de toda confiança e apreço. Divaldo chegou a relatar que, estando ele em um país distante, foi acometido por uma crise de angina no quarto do hotel, e Sai Baba teria se materializado (!) e o tratado ali mesmo, tal qual um médico. Mais tarde, na Índia, segundo Divaldo, os dois se encontraram e assim que se viram Sai Baba sorriu para Divaldo, e lhe disse logo: - "Que bom, meu filho! Este, já é o nosso segundo encontro!" Depois disso, Divaldo relatou ter visto intensa luminosidade espiritual e sentido uma intensa paz ao encontrar o indiano.

Apesar dessa elevada opinião de Divaldo Franco sobre o citado guru, o que muitos no Brasil ainda não sabem, no entanto, é que Sai Baba andou envolvido em inúmeros escândalos, inclusive com acusações de participação em assassinatos, pedofilia e fraude em seus espetáculos de materialização, conforme veremos em detalhes.

Os Truques de Sai Baba

O parapsicólogo Wellington Zangari comenta sobre estudos científicos realizados com Sai Baba:

“Haraldsson e Wiseman apresentaram juntos, em 1994, na Convenção da Parapsychological Association, um estudo que fizeram com Sai Baba. Eu estive lá e assisti com interesse a apresentação, sobretudo porque foi acompanhada de um vídeo do estudo. Submeteram o alegado paranormal a alguns controles simples, como ter suas mãos colocadas dentro de sacos plásticos fechados por elásticos. Nenhum fenômeno ocorreu enquanto houve esse tipo de controle. A conclusão do trabalho aponta para a possibilidade de fraude.”

Acusações vindas de toda parte

Diversas instituições mundo afora, como a UNESCO, o Departamento de Estado Norte Americano, a BBC e o jornal "Times" de Londres, o jornais "Telegraph" e "The Guardian", além de outras importantes instituições midiáticas da União Européia, Escandinávia, Canadá e Austrália, já fizeram trabalhos investigativos sobre Sai Baba. Os documentários The Secret Swami (2004) da BBC, e assassinatos a sangue frio cometidos pela polícia no quarto de Sai Baba em 6 de junho de 1993. Seus ex-seguidores afirmam que, ameaçados pela mídia indiana e pela influência política de Sai Baba e seu multimilionário império, não tiveram outra alternativa senão fazer as denúncias a meios de comunicação não-indianos. Há, inclusive, uma petição pública para investigações oficiais de Sathya Sai Baba e de sua organização a nivel mundial.

Já no endereço http://saibabaexposed.blogspot.com é possível ler, na íntegra, a reportagem investigativa levada a cabo pelo respeitado jornal inglês "The Guardian", contendo denúncias de abuso sexual contra meninos.

Conclusão

Pudemos ver que um médium é um indivíduo que também pode se enganar e emitir opiniões completamente equivocadas. No caso específico de Divaldo Franco, o mesmo, inadvertidamente e sem ter colhido os elementos suficientes que lhe dessem a segurança de uma análise precisa, fez considerações elogiosas a uma entidade espiritual cujos ditados colidem frontalmente com os postulados da Doutrina Espírita e com as opiniões do próprio Divaldo acerca de temas importantes. Talvez na ânsia de agradar aos seus simpatizantes e colher a simpatia dos mesmos, Divaldo, que parece jamais ter lido os livros ditados por Ramatis, chegou a afirmar tratar-se de nobre entidade. Da mesma maneira, Divaldo parece ter se equivocado em relação ao guru Sai Baba, tendo inclusive relatado uma materialização do mesmo em seu quarto, algo que provavelmente nem deve ter ocorrido, o que é bastante grave, em nossa opinião. Em ambos os casos, o desencarnado Ramatis e o encarnado Sai Baba falam de amor, de caridade, de Deus - palavras estas fáceis de pronunciar, mas que servem tão-somente de nuvem de fumaça para acobertar interesses inconfessáveis.

Portanto, a lição que aprendemos é que não devemos nos fiar na opinião deste ou daquele, mas sim aprofundarmos conhecimentos, confrontando as opiniões e submetendo-as às informações da Doutrina Espírita, da Ciência e da mais severa lógica num estudo atento e imparcial. O próprio Codificador, mesmo sendo um homem de extensa cultura, não olvidou tais cuidados, sugerindo, inclusive, a utilização de um Método de Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE) que pode ser encontrado no 9º parágrafo do ítem II da Introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), e na parte final do ítem XXVIII do cap. XXXI do Livro dos Médiuns (LM), que transcrevemos abaixo:

“Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros.” (definição contida no ESE).

“A melhor garantia de que um princípio é a expressão da verdade se encontra em ser ensinado e revelado por diferentes Espíritos, com o concurso de médiuns diversos, desconhecidos uns dos outros e em lugares vários, e em ser, ao demais, confirmado pela razão e sancionado pela adesão do maior número.” (definição contida no LM).

Se o prezado médium Divaldo Franco tivesse seguido tal critério, talvez não tivesse incorrido em análises tão precipitadas. O argumento que o mesmo se utiliza, na sua palestra em questão, colocando-o na boca de Kardec, é que Ramatis pode ser aceito porque "o que importa é o conteúdo moral". O critério kardeciano jamais foi só esse. Confiram:

"Aplicando esses princípios de ecletismo às comunicações que nos enviaram, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número não há 300 para publicidade, e apenas 100 de um mérito inconteste. Essas comunicações vieram de muitos pontos diferentes". (Allan Kardec, Revista Espírita, 1863, maio.)

Podemos ver que, dentre 3000 mensagens de uma moral irreprochável, Kardec só aceitou 100 como dignas de publicidade e publicação.

Para finalizar, disponibilizamos uma lista de estudiosos espíritas que se colocaram contrários ao conteúdo dos ditados do espírito Ramatis após terem analisado detidamente seus livros confrontando-os com os da Doutrina Espírita:

1) Herculano Pires - jornalista, filósofo, educador e escritor espírita brasileiro, com várias obras publicadas;

2) Deolindo Amorim - jornalista, escritor e conferencista espírita brasileiro. Colaborou no Jornal do Commercio e em praticamente toda a imprensa espírita do país;

3) Carlos Imbassahy - advogado, jornalista, escritor e espírita brasileiro;

4) Ary Lex - médico, escritor e dirigente da FEESP por muitos anos;

5) Celso Martins - jornalista, professor de Biologia e Física, palestrante e escritor espírita com mais de 30 obras publicadas;

6) Sérgio Aleixo - professor de Português e Literatura, expositor e escritor, atualmente presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro (ADE-RJ);

7) Jorge Rizzini - médium e escritor consagrado, tem fama de ter sido o guardião dos conceitos espíritas (http://geocities.ws/meutrabalho2005/#RAMATIS);

8) Américo Domingos Nunes Filho - pediatra, escritor, conferencista e pesquisador espírita brasileiro;

9) Nazareno Tourinho - escritor, articulista e imortal da Academia Paraense de Letras;

10) Iso Jorge - Médico psiquiatra, professor, escritor e articulista espírita;

11) Dulcídio Dibo - Professor universitário, versado em Astronomia, expositor e autor de diversas obras doutrinárias;

12) José Passini - Possui Licenciatura em Letras, Mestrado em Língua Portuguesa e Doutorado em Linguística, é Presidente do Instituto Jesus, obra de amparo ao menor carenciado; presidente da Aliança Municipal Espírita, por duas vezes; presidente do Centro Espírita União, Humildade e Caridade e Membro da equipe do programa Opinião Espírita (Rádio e Televisão) e do Departamento de Evangelização da Criança da Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora;

13) Cirso Santiago - jornalista e editor do Jornal Correio Fraterno do ABC;

14) Gélio Lacerda - Advogado e escritor, ex-presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo.