Resgatando a Proposta Espírita: Análise crítica dos ditados do espírito Ramatis e demais questões controversas no Movimento Espírita
26 janeiro 2009
À feição de seita apocalíptica
Todos nós conhecemos ou pelo menos já ouvimos falar de alguma seita ou religião que prega ou pregou o fim do mundo, cujos desfechos, para muitos seguidores, foram os piores possíveis.
Geralmente, esses grupos se utilizam do livro "Apocalipse", de João, o evangelista, constante da Bíblia, para divulgarem suas idéias de destruição do planeta e justificarem suas missões de "salvação".
No passado, na entrada do ano 1000, muitos crentes nessas profecias abandonaram propriedades e terrenos, de olho na última hecatombe. Como nada aconteceu, tiveram que recomeçar a vida do nada, depois de doar até a roupa do corpo a congregações religiosas.
Com o advento do aquecimento global, tem ganhado força o discurso daqueles que acreditam em catástrofes que seguramente, da forma com que são descritas, varreriam a raça humana do planeta.
Embora a visão espírita seja diametralmente contrária a tudo isso, volta-e-meia surgem indivíduos ou grupos que se infiltram no Movimento Espírita divulgando tais idéias de "fins do tempos". O maior incentivador das mesmas em nosso meio: o espírito Ramatis.
Tudo começou, como já vimos aqui neste espaço, com a publicação do livro "Mensagens do Astral", ditado por Ramatis e psicografado por Hercilio Maes, em Curitiba-PR, e que chegou a ter o título "Conexão de Profecias", modificado logo após as primeiras edições. Segundo essa obra, um planeta, chamado de "astro intruso" e apelidado de "planeta chupão", também conhecido como "planeta X", Hercólubus, Planeta Higienizador, etc., aproximar-se-ia da Terra de tal forma que o eixo terrestre sofreria uma abrupta elevação, que teria iniciado por volta de 1950 e alcançaria seu ápice até o ano de 1999. Esse astro intruso teria uma órbita excêntrica em torno do Sol, com um ciclo de 6.666 anos, sendo que sua primeira função seria atrair e sugar os espíritos inferiores responsáveis pela violência, pelas injustiças e imoralidades presentes na Terra. Tal advento ceifaria a vida de dois terços da população mundial, que seria sugada pelo tal astro...
Tal "revelação" alcançou o movimento espírita de maneira bombástica, principalmente entre aqueles não muito afeiçoados ao estudo da Codificação. Durante anos, ouviu-se falar nesse "grande" advento, transmitido como se fosse o autêntico posicionamento espírita sobre a questão.
O tempo se passou e a Verdade prevaleceu: as profecias retumbantes e catastrofistas de Ramatis esboroaram-se.
Livros, como o "2000, Nosso Último Ano no Planeta Terra", foram escritos inspirados no pensamento ramatisiano, aturdindo as mentes mais sensíveis e ingênuas e jogando o Espiritismo na vala comum das seitas catastrofistas e sem conteúdo do presente e do passado.
Interessante notar que, ainda hoje, mesmo não tendo se cumprido a previsão de Ramatis, há grupos que insistem em defender essa idéia, entre eles o GER - Grupo de Estudos Ramatis , que alega ainda ter contatos com extraterrestres "em nível mental e físico". Tudo, claro, atrás de uma fachada repleta de cientificismo vulgar, que prega o amor universal e, pasmém, o Espiritismo. Um belo exemplo de como essas mensagens colaboram para o desvirtuamento da mensagem espírita e subrepticiamente conduzem a estados mentais confusos e alienantes, extremamente danosos à saúde espiritual e mental de muitas pessoas.
Abaixo, mais links para que os leitores possam certificar-se daquilo que aqui afirmamos:
http://www.extraseintras.com.br/
http://www.jluciano.eti.br/profecias/ramatis.htm
Infelizmente, são poucos os que conhecem a Codificação Espírita. Caso a mesma fosse devidamente estudada, crendices como essas que aqui mencionamos não teriam vez em nossas fileiras, haja vista que os Espíritos Superiores foram bem claros na resposta à pergunta do Codificador a esse respeito e nos comentários que se seguem, que aqui transcrevemos:
P. — "Confirmas o que foi dito, isto é, que não haverá cataclismos?"
R. — "Sem dúvida, não tendes que temer nem um dilúvio, nem o abrasamento do vosso planeta, nem outros fatos desse gênero, porquanto não se pode denominar cataclismos a perturbações locais que se têm produzido em todas as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza moral, de que os homens serão os instrumentos". (em 12 de maio de 1856)
"Tudo segue a ordem natural das coisas e as leis imutáveis de Deus não serão subvertidas. Não vereis milagres, nem prodígios, nem fatos sobrenaturais, no sentido vulgarmente dado a essas palavras.
Não olheis para o céu em busca dos sinais precursores, porquanto nenhum vereis, e os que vo-los anunciarem estarão a enganar-vos. Olhai em torno de vós, entre os homens: aí é que os descobrireis.(...)
Não acrediteis, porém, no fim do mundo material. A Terra tem progredido, desde a sua transformação; tem ainda que progredir e não que ser destruída. A Humanidade, entretanto, chegou a um dos períodos de sua transformação e o mundo terreno vai elevar-se na hierarquia dos mundos.
O que se prepara não é, pois, o fim do mundo material, mas o fim do mundo moral. É o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do orgulho, do egoísmo e do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva consigo alguns destroços. Tudo dele acabará com a geração que se vai e a geração nova erguerá o novo edifício, que as gerações seguintes consolidarão e completarão."
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