12 julho 2009

Planeta "X", Chupão ou Nibiru: Respondendo a um leitor ramatisista

Nosso Sistema Solar é composto de 8 planetas
Um leitor anônimo escreveu um comentário, dizendo o seguinte:

"Respeito a opnião (sic) de vocês, mas estão um pouco desatualizados. Se não sabem, foi descoberto um planeta próximo a Plutão, denominado Planeta X, mas que anteriormente foi citado pelo medium Chico Xavier como o Planeta Chupão. Se voces ligarem a teoria espirita com a lógica, viriam que jamais ela errou, mas se exitam em falar sem ao menos saber em que se resume tal coisa. http://geniusvirtual.blogspot.com/2009/07/seria-o-apocalispe-o-planeta-chupao.html
Esse link acima é para a reportagem completa, e abaixo dela está a fonte. Essa repostagem nao é espirita, é científica.
Parem um pouco e leiam para depois falar.
É por isso que sempre digo: NÃO PODEMOS FALAR MAL DE ALGUMA COISA QUE NAO CONHECEMOS COMPLETAMENTE, APENAS SE APOIANDO EM SUPOSTOS COMENTARIOS OU SUPOSIÇÕES."


Bem, vemos que o colega ramatisista parece convencido da existência do tal planeta Chupão.

Já dizia Adam Savage, co-autor do programa de televisão "MythBusters" , que os criadores de mitos e seus simpatizantes nunca desistem. "Eles dizem que você tem de manter a mente aberta", disse ele, "mas rejeitam qualquer prova que não seja coerente com a tese deles".

É exatamente o que ocorre com boa parte dos ramatisistas e suas teses exóticas.

Mas, vamos aos fatos, desmistificando a lenda.

Tradução do artigo escrito por Ian O’Neill na Universe Today em 21 de dezembro de 2008: http://www.universetoday.com/2008/05/19/no-doomsday-in-2012/
"De acordo com os defensores do apocalipse em 2012, algo bem grande chegará até nós. Por “algo grande” quero dizer uma entidade cósmica incontrolável (por exemplo: o Planeta X, Nibiru ou uma tempestade solar “assassina”), e por “nós” me refiro a todo o planeta Terra. Dar apoio a cenários apocalípticos em 2012 baseando-se no antigo calendário Maia parece estar tomando velocidade entre autores, sites na web, documentários e (pessoalmente meu favorito) os vídeos no Youtube. De acordo com eles, algo de mal se sucederá em torno da data de 21 de dezembro de 2012. Provavelmente a diferença mais interessante entre os cenários apocalípticos de 2012 e as profecias apocalípticas do passado é que quase todos os possíveis portadores do apocalipse (e os impossíveis… ou implausíveis) se auto-proclamam assassinos do planeta.

Por isso, neste artigo vamos abordar outro cenário apocalíptico astronômico, passaremos em revista a teoria de que um cometa atualmente vindo do espaço profundo fará sua lenta aproximação final em sua órbita parabólica até a Terra. Mas, antes que você fique preocupado, alegre-se em saber que a teoria do impacto cometário em 2012 é tão sólida como um saco vazio – não existe nenhum objeto observado lá fora e certamente não existe nenhuma evidência sugerindo que poderá haver um impacto cometário em 2012…

Vejamos aqui a razão…

Vendendo o apocalipse

Em quatro anos a partir de hoje (21 de dezembro de 2012), o mundo chegará a seu fim de acordo com alguns indivíduos equivocados. Os apocalípticos sempre começam seus argumentos usando um antigo calendário (além de uma alta dose de Códigos da Bíblia, I Ching e antigas escrituras cuneiformes sumérias) para apoiar suas novas e engenhosas formas em que o mundo acabará. Desgraçadamente, a maior parte das teorias está baseada em má interpretação científica super promovida e simples mentiras. Normalmente há algum livro a venda ou algum site da web querendo se promover. Além disso, sabemos que não há nada mais rentável que o medo."

É interessante destacar que Ian O’Neill começou a escrever para Universe Today há justamente um ano, exatamente cinco anos antes do dia final do calendário Maia. Embora tal fato trata-se de uma mera coincidência, essa data é propícia para escrever-se um artigo sobre o ano de 2012 e Planeta Chupão expondo os mitos em volta dessas idéias.

"Provavelmente você dever ter visto a proliferação de anúncios do “Cometa de 2012″ em um amplo conjunto de web sites, assim decidi-me investigar esta teoria em particular para ver se há algo de verdade atrás das afirmações de que um cometa (ou “planeta-cometa”) está se aproximando da Terra em uma rota de colisão. Para encurtar uma longa história, posso dizer categoricamente que não há nenhum impacto cometário iminente. Qualquer acusação de sonegação de informação por parte do governo serve para esconder a ciência podre que citam os apocalípticos (igual a conexão Planeta X/Nibiru). Se realmente querem conhecer a história toda, continuem a ler…

Ameaça do cometa?

Antes de observar as afirmações por conta deste cenário apocalíptico, primeiro devemos estudar qual o risco do planeta Terra sofrer realmente um impacto de um cometa. Sabemos que a Terra já passou por choques e é praticamente certo que teremos novos impactos no futuro. Mas o horizonte está limpo por pelo menos algumas décadas para um novo cometa ou asteróide ofensor. De fato, os meteoróides em forma de pedaços de rocha são muito mais numerosos que os cometas gelados no sistema Solar. A Terra recebe impactos de vários meteoróides rochosos de tamanho consideráveis a cada ano (tomamos como exemplo o 2008 TC3, o primeiro impacto de meteoróide atmosférico previsto e que foi acompanhado).

Embora raros, os impactos planetários por cometas realmente ocorrem. Como já nos demonstrou o cometa Shoemaker-Levy 9 em 1994 quando fragmentos de 2 km de diâmetro desse objeto bombardearam a atmosfera de Júpiter, não devemos ser complacentes ao considerar um grande evento de impacto por cometas ou asteróides. O deslumbrante espetáculo de luz do cometa Shoemaker-Levy 9 na realidade estimulou os esforços para incrementar as pesquisas no céu vasculhando-o em busca de possíveis eventos de impactos catastróficos. Embora já se tenha identificado um vasto número de objetos próximos à Terra (NEOs), um número muito pequeno de NEOs tem sido considerado como de algum risco.

O asteróide de 270 metros de diâmetro 99942 Apophis provocou uma grande revolução em 2006 quando se converteu no asteróide com maior valor na escala de Torino de perigo de impacto. Espera-se agora que Apophis passará de forma segura perto da Terra em 2029, mas dependendo do desvio gravitacional provocado por a Terra em 2029, Apophis poderá passar através de um “buraco de ferradura” gravitacional, criando outra possibilidade de impacto em 13 de abril de 2036. Ainda assim, as possibilidades não merecem que sejam feitas apostas: você colocaria seu dinheiro em uma possibilidade de 1/45.000 de impacto do Apophis em 2036?

Existem outros corpos rochosos vagando lá fora, mas estes são na maior parte benignos. Certamente esses objetos não são uma ameaça para a vida cotidiana em 2012. Não obstante, devemos ser conscientes de que os asteróides são uma ameaça muito real para a humanidade no futuro. Como resultado de este aumento na consciência, tem-se descoberto e rastreado outros NEOs. Objetos tais como o 2.007 VK184, um asteróide de 130 metros de diâmetro pode causar problemas em um futuro próximo, mas a probabilidade de impacto ainda é extremadamente baixa. Os astrônomos da pesquisa do céu denominada Catalina Sky Survey estimam umas poucas datas de impacto para 2.007 VK184, mas as possibilidades nunca superam o valor de 0,037% para impacto com a Terra nos próximos 100 anos. Outros asteróides estão sendo atualmente rastreados e podem causar certa preocupação dentro de um século (embora nenhum ultrapasse o nível 1 da escala de Torino, e se isso ocorrer, a tendência natural é que voltem a cair para o nível 0 – “normal”).

Para abreviar, os céus estão livres de quaisquer impactos iminentes (certamente nos próximos 4 anos) de um asteróide. Os cometas não trazem tampouco um risco significativo. Não há nenhuma evidência astronômica que apóie outra opção.

Esse cenário não impede que organizações tais como a Fundação B612 do ex-astronauta da NASA Rusty Schweickart de planificar possíveis ameaças futuras de asteróides/cometas. Embora os filmes de Hollywood tentassem nos convencer que era uma boa idéia apenas explodir um cometa com uma bomba nuclear, a Fundação B612 não está de acordo. De fato, tal ação poderá ser péssima idéia. O que temos que ter em mente quando lemos sobre estudos de NEOs ou técnicas de desvio de asteróides/cometas é que necessitamos um grande período de tempo antecipado para ter alguma esperança de desviar o possível evento catastrófico de impacto. Tal não implica em uma preocupação imediata, é simplesmente uma precaução para salvaguardar o futuro próximo de nosso planeta.

Então, ao que tudo indica hoje, estamos a salvo de qualquer impacto astronômico. Isso não é o mesmo que dizer que não nos impactará um pequeno meteoróide. As grandes bolas de fogo têm ocorrido regularmente (lembrem-se do bólido de 21 de novembro no Canadá, e a mais recente bola de fogo em 6 de dezembro no Colorado, o maior desses fenômenos possivelmente foi causado por um meteoróide rochoso de 10 toneladas). Tampouco é como dizer que não descobriremos mais NEOs em curso nos próximos quatro anos (poderíamos, em tese, descobrir um objeto ameaçador amanhã), mas o ponto é que não existe hoje absolutamente nenhuma evidência de que um impacto cometário que acabe com nossa civilização terá lugar justamente em 2012. Qualquer afirmação em contrário é totalmente infundada.

Então, por que vemos tantos anúncios tratando de vender a teoria do “Cometa de 2012? Até onde posso dizer, está baseado em provas muito tênues. Então, vamos então acessar o aplicativo Google Earth para ver onde está o problema…

Se você tem instalado o Google Earth em teu computador pessoal, você ganhou a capacidade de olhar “acima” também, não só para a superfície da Terra. Mudando o software para observar o céu noturno, podemos ver as constelações e o programa nos guiará em uma deslumbrante viagem pelo o universo observável. Apesar desta sobrecarga de informação, o Google estaria escondendo algo de nós? Esta organização baseada em um descomunal motor de busca está tentando ativamente ocultar-nos as observações de um cometa que se dirige para nós?

Oriente o Google Earth para RA:5h 54m 00s, Dec: -6° 00′ 00″ e execute o zoom. Se você não tem o Google Earth, esta região pode também ser encontrada na versão on-line do Google Sky. Você verá então um espaço vazio retangular (também conhecido como a “Anomalia de Google” nas imagens celestes), justamente ao lado da Nebulosa de Orion, ao sul do Cinturão de Orion.

Nota: a constelação de Orión e conseqüentemente a “Anomalia de Google” estão em uma posição muito conspícua do céu noturno, observável com facilidade nos hemisférios norte e sul .

Este vazio é só aparente ao observarmos os dados óticos. Se você alternar o conjunto de dados para o estudo de microondas realizado pela Sonda de Anisotropia de Microondas Wilkinson (WMAP) encontrará este vazio preenchido com dados.

Da mesma forma, os dados infravermelhos também cobrem essa região bastante bem.

Então, a teoria da conspiração afirma que o Google está ocultando observações de um cometa que se aproxima. Mas existe outra alternativa para a teoria de conspiração do cometa: o cometa também é conhecido às vezes como o “planeta-cometa” e assim seria um candidato a Planeta X (mas eu pensava que o Planeta X era um candidato a anã marrom?). Sim, o Planeta X seria causa raiz de todos os cenários apocalípticos…

Tentarei resumir a seguir o tema do Planeta X de forma breve:

1) Os dados do observatório orbital IRAS

O planeta X? Essa é uma imagem comum nos sites web sobre o Planeta X. É este o tal Planeta X ou simplesmente uma galáxia jovem? (fonte possível: NASA)
O Satélite Astronômico Infravermelho (IRAS) foi um telescópio orbital que durou apenas 10 meses em 1983. Realizou uma pesquisa em infravermelho de todo o céu, dando como resultado algumas fantásticas observações de galáxias jovens ultra-luminosas e de “cirros” intergalácticos. Não obstante, antes que estes objetos fossem identificados formalmente, a mídia, em particular o Washington Post, apontou que alguns destes objetos poderiam ser o legendário Planeta X, nas imediações do nosso Sistema Solar. Esta é uma das teorias chave que os apocalípticos citam como o fato de que o Planeta X existe. Usando uma lógica duvidosa, vários autores afirmam que estas observações iniciais demonstram que o Planeta X é, de fato, o planeta sumério “Nibiru”. Nibiru é, portanto, uma anã marrom. Nesta teoria, morte e destruição se seguirá rapidamente, incluindo a aparição de uma raça alienígena conhecida como Annunaki (nossos ancestrais alienígenas) que querem que a devolução para eles do planeta. Isto soa como maravilhosa ficção científica, mas sem nenhum embasamento em fatos científicos.

Então será este “cometa de 2012″ realmente o tal Planeta X? Se é assim (passando por alto o fato óbvio de que um cometa não é um planeta e muito menos uma anã marrom), por que a Anomalia de Google só é uma mancha em dados ópticos? Se Google e a NASA estão tentando ocultar as provas de um “cometa” (eliminando uma região de dados óticos), certamente eles também teriam removido os dados de IRAS? Em qualquer caso, os dados de IRAS não mostram mesmo nenhum objeto na região da tal anomalia (confira no pequeno retângulo à esquerda da imagem, na parte inferior). Além disso, por que o Google deixaria uma janela tão óbvia nos dados ópticos, quando os mesmos poderiam ter sido eliminados apagando o tal suposto objeto “planeta-cometa” do conjunto de dados?

A conclusão é clara: a anomalia de Google é de fato causada por dados perdidos, pura e simplesmente. Não há ali nenhum cometa, é simplesmente causada devido à falta de dados, e tal não demonstra a existência de algo sinistro.

2) Olhe para cima!
Se você necessita de algo mais para convencer-se de que a teoria do “cometa/Planeta X de 2012″ é uma completa estupidez, pense na posição proposta para este cometa. A região do céu relacionada com a anomalia de Google está bem visível para a maior parte do planeta ao longo do ano, dado que esse retângulo está situado na constelação de Orión, justamente na vizinhança de algumas das estrelas e nebulosas mais conhecidas e estudadas (exemplos: Nebulosa da Cabeça do Cavalo e Grande Nebulosa de Orión). Se alguém tem suspeita sobre a anomalia de Google, por que não olhar diretamente por si mesmo? Os astrônomos amadores têm acesso a equipamentos óticos muito avançados, assim creio que se houvesse alguma suspeita do “planeta cometa” na região, esse objeto já sido observado (sem a ajuda do Google Sky).

Conclusão final

A verdade é que a teoria de a conspiração sobre o Planeta X é errônea, mas a teoria do cometa de 2012 é ainda pior. As possibilidades de que um grande planeta passe através do Sistema Solar interior em 2012 são as mesmas de as de um impacto cometário nessa data: nenhuma.

Não podemos prever o futuro, e nenhuma profecia antiga jamais apontará a existência de um cenário astronômico moderno de “fim do mundo”. Estou seguro que 2012 será um ano significativo por razões espirituais e religiosas, não estou debatendo isso. Não obstante, que os apocalípticos usem a ciência moderna para demonstrar suas criações apocalípticas imprecisas para seu lucro pessoal não só é somente irresponsável, mas também danoso para a nossa sociedade."

Acreditamos que não necessito dizer mais nada, não é, caros leitores? Só pra concluir: o conhecimento dos seguidores de seitas apocalípticas, como a ramatisiana, é tanto, que o tal planeta "X" é chamado de "décimo segundo planeta". Basta saber quais são o nono, o décimo e o décimo-primeiro...

11 julho 2009

Espiritismo sim, Kardecismo não


Dentre as confusões mais frequentes disseminadas por redutos seitistas e de tendência sincrética e comumente repetidas por pessoas desconhecedoras do Espiritismo encontra-se o uso incorreto de termos ou palavras para designar a Doutrina Espírita. Um deles é o termo "kardecismo", dando a idéia de que há vários "Espiritismos", enquanto, na verdade, o Espiritismo é um só, aquele que surgiu em 1857 com a publicação de "O Livro dos Espíritos". Aliás, foi Allan Kardec que criou a palavra "Espiritismo" justamente no intuito de diferenciá-la de tudo que existia e do Espiritualismo em geral.

O próprio espírito Ramatis e os ramatisistas estão entre aqueles que gostam de se utilizar dos termos "kardecista" e "kardecismo" até mesmo de uma forma algumas vezes pejorativa com o intuito de passarem a idéia de que são espíritas, porém não "kardecistas", e sim "universalistas", criando pois uma pretensa ramificação no seio da Doutrina, algo que Allan Kardec sempre desaconselhou e desestimulou, como já vimos aqui em outros artigos.

Luiz Antonio Milleco, bem a propósito, escreveu um interessante artigo sobre a questão, intitulado "Espiritismo ou Kardecismo?":

"De um tempo para cá um estranho fenômeno ocorre em nosso meio: pessoas respeitáveis aceitam a Doutrina Espírita, entusiasmam-se com seus postulados e se beneficiam da consolação por Ela propiciada. No entanto, chegado o momento das definições, afirmam-se não espíritas, mas espiritualistas ou "kardecistas".

Quanto ao espiritualismo, a definição é incompleta, já que todas as crenças baseadas na existência da alma são espiritualistas.

E quanto ao "kardecismo"?


As origens históricas do termo, embora não possam situar-se no tempo, são perfeitamente caracterizadas quanto aos fatos. Ao chegarem ao Brasil, os escravos trouxeram consigo suas crenças, seus cultos, que ali se fundiram, com o crescimento das crenças indígenas e católicas. Esses grupos étnicos já praticavam a mediunidade. Ora, com o aparecimento entre nós da Doutrina Espírita, uma de cujas bases principais é exatamente o fenômeno mediúnico, foram inevitáveis as generalizações. Tudo quanto se referisse ao intercâmbio com o outro plano era considerado Espiritismo.

Tal equívoco ocasionou lamentáveis deturpações. Não queremos aqui discriminar os grupos afro. Há entre eles os que, embora divergindo da Doutrina Espírita quanto ao aspecto religioso e à prática mediúnica, lêem Allan Kardec, adotam seus postulados filosóficos e servem ao próximo com desprendimento e abnegação.

Não se pode negar, entretanto, as deturpações a que nos referimos acima. Eram comuns em certos setores da imprensa manchetes como: "Assassinato em um Centro Espírita", "Incorporado pelo Guia Fulano...". Além disso, não são raros os folhetos em que se lê: "Madame Fulana de tal. Vidente Espírita, soluciona todos os problemas, resolve caso de amor e dinheiro, prevê o futuro..." etc.

Resultado: para não se embarafustarem com toda esta confusão, alguns companheiros abrem mão do termo espírita e preferem a expressão "kardecista". Haverá, porém, algum fundamento para tal posição?

Em primeiro lugar, Allan Kardec sempre fez questão de assinalar que, ao contrário de todas as doutrinas anteriores, o Espiritismo não foi fundado por homens, mas é conseqüência das revelações trazidas pelo Plano Espiritual.

Em segundo lugar, não podemos descartar a gama de preconceitos que envolve a substituição dos termos espírita e Espiritismo pelos termos "kardecista" e "kardecismo".

Não querem, estes companheiros, que suas crenças sejam confundidas com aquelas que, para eles, são "inferiores". Não querem ser identificados como "feiticeiros" ou "macumbeiros". Tal confusão, no entanto, não advém deste ou daquele termo, mas da posição de cada um perante a vida e diante de si mesmo.

Ao invés de simplificarmos as coisas dando à Doutrina Espírita nomes que ela não possui, chamando-a "kardecismo", "mesa branca", "Espiritismo Científico", etc., arquemos com os incômodos das explicações; e, definindo-nos claramente como espíritas, esclareçamos simplesmente os que nos abordem sobre o que é, e o que não é Espiritismo".

(Revista Espírita Harmonia - nº 34 - agosto de 1997)

Mais artigos sobre o tema:

"Porque Não Sou Espirita Kardecista"

Espiritismo

"Religiões Afro e Espiritismo: uma Confusão Frequente"

17 junho 2009

Utilidade Pública: Incensos e Defumadores fazem mal à saúde

Diferentes tipos de incensos e defumadores
Queridos leitores, todos sabemos que a prática doutrinária espírita não se coaduna com o uso de objetos materiais para um suposto "afastamento de espíritos malfazejos" ou para "purificação de ambientes", tais quais incensos, defumadores, etc. Os Espíritos Superiores nos ensinam que os mesmos, sendo matéria, não possuem qualquer poder ou efeito sobre os espíritos ou sobre os fluidos-ambiente.

Contrariamente, mais uma vez, à Doutrina Espírita, e ainda influenciado por suas crenças hinduístas, Ramatis afirma em seus livros, em especial em "Magia de Redenção", que tais objetos atuam como "detonadores de miasmas astralinos", contrariando tudo o que aprendemos acerca da natureza dos fluidos.

Não bastasse, pois, serem inúteis do ponto-de-vista espiritual, porque a raiz dos nosso problemas encontra-se no nosso pensamento, no nosso comportamento e nas nossas ações do presente e do passado, os incensos, defumadores e congêneres, conforme pesquisado recentemente, podem ser altamente prejudiciais à nossa saúde.

Leiamos a matéria publicada no jornal "A Folha de São Paulo":

"Teste mostra que fumaça de incenso é prejudicial à saúde, por CLÁUDIA COLLUCCI da Folha de S.Paulo, em Brasília"

"Usado desde a Antigüidade com sentido de purificação e proteção, o incenso acaba de receber sinal vermelho da Pro Teste, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Cinco marcas avaliadas mostram que daquela fumacinha, aparentemente inocente, exalam substâncias altamente tóxicas.

Queimando um incenso todos os dias, por exemplo, a pessoa inala a mesma quantidade de benzeno --substância cancerígena-- contida em três cigarros, ou seja, em torno de 180 microgramas por metro cúbico. Há também alta concentração de formol, cerca de 20 microgramas por metro cúbico, que pode irritar as mucosas.

As substâncias nem de longe lembram as especiarias aromáticas com as quais o incenso era fabricado no passado, como gálbano, estoraque, onicha e olíbano. Se há uma leve semelhança, ela reside na forma obscura da fabricação. No passado, o incenso era preparado secretamente por sacerdotes.

Hoje, o consumidor também não é informado como esses produtos são feitos e quais substâncias está inalando. O motivo é simples: por falta de regulamentação própria, os fabricantes de incenso não são obrigados a fazer isso.

Nas cinco marcas avaliadas (Agni Zen, Big Bran, Golden, Hem e Mahalakshimi), todas indianas, não há sequer o nome do distribuidor brasileiro na embalagem. Muito menos a descrição de quais substâncias compõem o produto. A Folha tentou localizar as empresas, por meio dos nomes dos incensos, mas, assim como a Pro Teste, não teve sucesso.

A avaliação foi feita a partir da simulação do uso em ambiente parecido com uma sala. Segundo a Pro Teste, foi medida a emissão de poluentes VOCs (compostos orgânicos voláteis) e de substâncias passíveis de causar alergias, como benzeno e formol. As concentrações foram medidas após meia hora do acendimento.

Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste e colunista da Folha, alerta que os aromatizadores de ambiente, como o incenso, são vendidos sem regulamentação ou fiscalização, o que representa perigo à saúde.

"Os consumidores pensam que se trata de produtos inofensivos, que trazem harmonia e, na verdade, estão inalando substâncias altamente tóxicas e até cancerígenas."

A Pro Teste reivindica que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) faça um estudo sobre o impacto dos produtos na saúde e elabore regulamentação para a produção, importação e venda no Brasil.

"Estou surpresa. Acendo incensos diariamente há 20 anos no momento em que faço minhas preces no altar budista que tenho na sala. É uma forma de agradecimento às divindades e de limpeza energética. Jamais pensei que eles pudessem fazer mais mal do que bem", diz Renata Sobreira Uliana, 49.

O resultado dos testes também surpreendeu os médicos. "Nunca li nenhum artigo científico a respeito disso, mas é um dado muito interessante, que vai fazer a gente repensar a forma de liberar esse tipo de produto", diz José Eduardo Delfini Cançado, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia.

Clystenes Soares Silva, pneumologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que nem pessoas predispostas a desenvolver quadros alérgicos (como rinite e asma) nem pessoas saudáveis devem se expor aos incensos."

14 junho 2009

Movimento Espírita: "Alvo das investidas das sombras organizadas"


O espírito Camilo, através da psicografia de José Raul Teixeira, fez um alerta muitíssimo pertinente intitulado "Uma Reflexão sobre o Movimento Espírita", constante da obra "Desafios da Educação"(Editora Fráter).

Como o prezado e atento leitor poderá notar, a citada entidade espiritual analisa detalhadamente a quantas anda o Movimento Espírita em vista da falta de estudo e conhecimento do Espiritismo, resultando na tentativa de enxertias e desvios de todo tipo, incentivadas pela espiritualidade inferior, interessada em promover o sincretismo e a confusão em nossa fileiras.

Leiamos com atenção e vejamos a estreita conexão com aquilo que analisamos aqui neste blog.

Inicialmente, a nobre entidade fala sobre a excelência da mensagem espírita e da grandiosa figura do Codificador Allan Kardec e sua preocupação com a UNIDADE doutrinária.

"A excelente Mensagem Espírita chega ao mundo como refrescante e iluminada aurora, anunciando um dia novo de bençãos para o planeta, atendendo as imensas carências da alma terrestre, que vivia a braços com as trevas ocasionadas pelo absolutismo materialista, que tem seus fundamentos balançados, em razão das Vozes altíssimas e claras que rasgaram o silêncio dos túmulos, para invadir os ouvidos da Humanidade inteira.

Como chuva bondosa, a Doutrina Espírita penetra o solo ressequido das almas, onde, a partir de então, as sementes nobres dos ensinamentos do Mundo Superior teriam toda a chance de germinar e medrar, estabelecendo ventura e progresso.

Eram novos tempos para a cultura e para a fé, que, agora, irisadas por luzes espirituais que se mostravam diante de todos, formulando convite ao espírito humano para um pensamento mais alto.

No centro das ocorrências, destaca-se a figura augusta do professor Rivail, universalmente conhecido como Allan Kardec, e na sua visão de espírito de escol, sabia e afirmava que seria ponto de honra para o desenvolvimento da Mensagem na Terra a manutenção da unidade. Seria indispensável que em toda parte, onde surgisse um núcleo de estudos do Espiritismo, se pudesse falar a mesma linguagem, sem que houvesse riscos de ser ele desfigurado, sem riscos de que viesse a sofrer enxertias, o que seria descabida ocorrência no bojo de uma doutrina de tamanha lucidez. A preocupação do Codificador, porém, dizia que tais dificuldades eram passiveis de ocorrer."

Prosseguindo, o espírito Camilo comenta sobre o crescimento do Movimento Espírita e faz um alerta:

"O tempo passa, as atividades em torno da Doutrina Espírita são desenvolvidas com rapidez. Da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 1858, aos dias atuais, podem-se contar por milhares as instituições levantadas no mundo em nome da Veneranda Doutrina. Do pequeno grupo de almas dispostas, que ladearam o Codificador, suportando toda agrestia e fereza dos primeiros preconceitos até hoje, quando se torna status importante dizer-se espírita, há quase um século e meio de modificações na mentalidade geral.

À semelhança do que ocorreu com a primitiva comunidade dos Apóstolos de Jesus, que foi perdendo em qualidade à medida que se foi expandindo, se popularizando e ganhando notoriedade através do prestígio político de Roma, as atividades ao redor do Espiritismo - o Movimento Espírita - foi tomando contornos preocupantes em todo lugar, na proporção do seu agigantamento acompanhado pelo desconhecimento declarado dos seus fundamentos."

Como pudemos perceber, Camilo aponta o desconhecimento decorrente da falta de estudo do Espiritismo como razão principal para a perda de qualidade que se nota em todo lugar no que tange à prática doutrinária, tal qual ocorreu com o Cristianismo, que em praticamente nada se assemelha àquilo que foi legado por Jesus.

"Allan Kardec, valendo-se do seu inesgotável bom senso, estabeleceu que o Espiritismo é uma doutrina de livre exame, significando que, não sendo impositiva, oferece ao indivíduo que vai ao seu encontro todas as possibilidades de discussão e de análises, até que tenha podido compreender suas bases, de modo a vivê-las com claridade mental e segurança. Tristemente, muitos pensaram que tal condição de Mensagem lhes permita adaptar os seus preceitos doutrinários aos próprios gostos e tendências, sem causarem problemáticas adulterações no trabalho de profunda coerência dos Numes Tutelares da Terra."

Realmente perfeita a colocação do espírito Camilo. Muitos acham que podem adaptar seus atavismos ao corpo doutrinário espírita, demonstrando, com isso, total incoerência. Se não encontram-se satisfeitos com o Espiritismo, e não sendo esta uma Doutrina exclusivista e impositiva, nada mais sensato que dedicarem-se aos seus movimentos religiosos, deixando a prática espírita livre de adulterações e enxertias descabidas.

"Referiu-se o Codificador à compreensão do Espiritismo dizendo que quem deseje tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das suas idéias (Kardec, A. O Livro dos Espíritos, introdução, parte VIII). Lamentavelmente, porém, muitos admitiram que poderiam falar e agir em seu nome, sem o mínimo de estudo de sua doutrina, na pressa inconsequente por obter fenômenos que bem podiam ser buscados fora dos arraiais espíritas, o que não vincularia a possível má qualidade ou a sua impostura ao respeitável estatuto espiritista.

Os abnegados Prepostos do Cristo ensinam na Codificação que o ensino dos espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão (O Livro dos Espíritos, questão 627). Desafortunadamente, indivíduos oriundos dos mais diversos territórios intelectuais, das mais variadas regiões morais, com as mais estranhas idiossincrasias, atiraram-se a propor alterações doutrinárias, a fazerem adaptações inconsistentes quão perigosas, introduzindo idéias e práticas francamente estranhas aos textos e contexto da Doutrina. São muitos os que, ignorantes, vão mantendo outras criaturas no seu mesmo nível, abominando estudos, detestando análises, impossibilitando a aeração dos movimentos do raciocínio. Um grande número não crê no que o Espiritismo expõe, mas se vale da atenção dos crédulos e ingênuos, sempre abundantes, para impor as suas próprias fantasias que trata de envolver com as cores da Veneranda Doutrina, porque sabe do desvalor do produto que oferece querendo adesões que lhe incense a vaidade.

Nenhum problema provocaria o indivíduo que criasse uma ordem de idéias, uma doutrina pessoal e que a defendesse com insistência, em seu nome mesmo, e a partir disso cobrasse atendimento, forjasse distintivos, premiações, imagens de "santos" encarnados, liturgias sacramentais e ordenações. Toda a sua prática seria buscada e seguida pelas almas que sintonizassem com isso, como deparamos no mundo dos intocáveis ismos , personalizados e personalistas, arrebanhando grupos imensos de fanatizados, que pagam bem caro para comprar um lugar no céu..., conforme a promessa dos seus líderes."

Camilo cita aquilo que também defendemos: sigam a quem quiserem e aquilo que bem entenderem, têm todos esse direito, mas aqueles que se dizem espíritas devam cuidar para que o Espiritismo mantenha-se livre de misturas, atavios e enxertias, permanecendo claro e límpido conforme nos foi legado pela Espiritualidade Superior.

"Quanto ao Espiritismo, porém, as coisas devem ser diferentes. Não havendo obrigação da pessoa ser espírita; inexistindo qualquer ameaça infernal para quem não aceite sua orientação; não se prometendo premiações celestiais a quem quer que seja e sendo uma escolha livre da criatura, em meio de tão diversificadas opções, torna-se imprescindível que quem queira ser espírita se despoje dessa terrível vaidade de que querer que as coisas sejam a seu gosto, ao invés de ajustar-se aos espirituais ensinamentos da Grande Luz. Imprescindível que o sincero espírita assuma, de fato, a disposição de melhorar-se com o conteúdo assimilado das lições do Infinito, pelejando para domar as suas inclinações inferiores."

No trecho a seguir, Camilo fala da estratégia da espiritualidade inferior para aniquilar o Movimento Espírita:

"Com tristeza, percebe-se hoje que o Movimento Espírita, que dispõe de tudo o que a Doutrina Espírita lhe brinda para ser amadurecido, pujante e avançado, tem sido alvo das investidas das Sombras organizadas e se encharcado com seus conteúdos peçonhentos e danosos. Daí, são núcleos criados para reverenciar personalidades vaidosas, que não abrem mão da relação de vassalagem; são instituições montadas somente para atender os corpos, sem qualquer compromisso com o espírito imortal que permanece vagueando nas trevas de si mesmo; são casas erguidas para desfigurar o pensamento espírita, em razão das mesclas implantadas com doutrinas, filosofias e práticas orientalistas ou africanistas que, mesmo merecendo respeito, têm propostas bem distintas das do Consolador."

Tais observações de Camilo não poderiam ser mais claras: a ênfase em trabalhos de cura de corpos em detrimento do estudo da Doutrina; a inserção de práticas orientalistas e africanistas; a idolatria a personalidades vaidosas e centralizadoras, encarnadas e desencarnadas, tidas como detentoras exclusivas da Verdade... Tudo isso com o velado objetivo de desfigurar o Espiritismo.

"Ainda em nosso Movimento Espírita, se há confundido o caráter universalista do Espiritismo com uma infausta tendência agregacionista, pois, ao invés de o pensamento espírita ajudar a ver o mundo dentro da óptica da Vida Superior, para que o indivíduo saia do nível das considerações meramente materiais, vê-se que tudo que é encontrado de "interessante" mundo afora, deseja-se agregar ao Espiritismo. Cânticos, terapias, experimentações psíquicas diversas, mantras, vestuário, jargões, festividades de gosto execrável e coisas outras ocupando variado espectro, têm despontado aqui e ali, em nome da Doutrina Espírita. E o que é mais contristador, é que tudo isto se dá diante da postura inerme dos que aceitaram responsabilidades diretivas das quais não dão conta. Tudo isto tem sido acompanhado com o consentimento dos que dirigem, coordenam, "orientam"..."

Exatamente como pensa a seita ramatisista: tudo crêem devam incorporar ao Espiritismo, em nome de um suposto "universalismo", que, na verdade, não passa de confusão sincrética oriunda de atavismos e falta de aprofundamento e entendimento da proposta doutrinária espírita. Disseminam aos quatro cantos que Kardec (entenda-se a Codificação) estaria ultrapassado, como se as verdades universais fossem mutáveis, ao mesmo tempo que desejam inserir no Espiritismo as crendices e superstições cujam origens remontam milhares de anos, quando a civilização achava-se em sua infância. E quando chamados a atenção, colocam-se na posição de vítimas, de perseguidos, raivosamente alegando "falta de caridade" daqueles que lutam pacificamente pela manutenção da unidade doutrinária. No entanto, como bem disse o espírito Camilo, falta de caridade é justamente nada fazer e tão-somente observar o crescimento dessas estranhas idéias em nosso meio.

Conclui Camilo, magistralmente:

"Afirmou o Celeste Guia que ninguém pode servir a dois senhores...

Estabeleceu o Excelso Mestre: Seja o vosso falar sim, sim, não, não...

Informa o Espírito da Verdade: Deus procede ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente.

Vale a pena refletir em todos esses brilhantes dizeres e nessas imagens tão expressivas dos mentores da Humanidade. A hora é, incontestavelmente, de testemunhos difíceis, e quem ainda não se sinta em condições de tomar do conteúdo da luminosa Revelação e dar-lhe impulso positivo, fazendo-a útil a si e aos irmãos do caminho, comece ou recomece o esforço íntimo para o fortalecimento da vontade de crescer, de despojamento do comodismo do homem velho, uma vez que Jesus Cristo confia nos empenhos das suas ovelhas, e conta que esses empenhos sejam verdadeiros, para que o seu devotamento não seja tão somente aparência, a fim de que se possa, então, construir um Movimento Espírita vívido e forte, capaz de representar as excelências do Espiritismo vivenciado e sofrido, se necessário, através das ações e convicções dos seus seguidores fiéis."

30 maio 2009

O Espiritismo e a questão vegetariana

A vaca é sagrada na Índia
A questão da alimentação sempre foi motivo de discussão. A abstenção desse ou daquele alimento sempre foi discutida e recomendada, e teve variadas finalidades de acordo com o povo, a época, a cultura e a região.

Conhecedor de tal realidade, Kardec perguntou aos Espíritos:

"A abstenção de certos alimentos, prescrita entre diversos povos, funda-se na razão?"

“Tudo aquilo de que o homem se possa alimentar, sem prejuízo para a sua saúde, é permitido. Mas os legisladores puderam interditar alguns alimentos com uma finalidade útil. E para dar maior crédito às suas leis apresentaram-nas como provindas de Deus”. (O Livro dos Espíritos, questão nº721 )

Hoje, no meio espírita, tem crescido a idéia da carne como sendo um alimento impuro, que poderia interferir inclusive no potencial mediúnico dos médiuns e até no destino espiritual das criaturas. Um dos responsáveis por tais idéias: o polêmico espírito Ramatis.

O livro "Fisiologia da Alma", psicografado pelo espiritualista e vegetariano radical Hercílio Maes, aborda o vegetarianismo muito mais em consonância ao pensamento hinduísta, radicalizando a questão e abordando-o sob um suposto prisma "espiritual". Daí, foi um pulo para que certos "espíritas", na verdade simpatizantes de Ramatis, passassem a dizer que não se podia ser verdadeiro espírita aquele que consumisse carne. O radicalismo de Ramatis no citado livro é tanto que, recentemente, um dos seus médiuns chegou a escrever em seu site: "Não acredito em vegetarianismo radical e não sou vegetariano", comentando sobre algumas idéias polêmicas contidas nos livros de seu antecessor, o paranaense Hercílio Maes.

A postura de gigantes no entendimento doutrinário em relação ao modismo vegetariano foi firme. A difusão no movimento espírita da “idéia” de que comer carne vermelha é proibido aos médiuns foi tida por Herculano Pires como típica do “misticismo igrejeiro”, ou resultante da contaminação por idéias do orientalismo mágico, constituindo-se, assim, em um flagrante engano, do ponto de vista científico-doutrinário.

Observemos que o tema não escapou a Kardec e aos Espíritos Superiores:

"A alimentação animal, para o homem, é contrária à lei natural?"

“Na vossa constituição física, a carne nutre a carne, pois do contrário o homem perece. A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde para poder cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige a sua organização”. (Em "O Livro dos Espíritos, questão 722)

"A abstenção de alimentos animais ou outros, como expiação é meritória?"

“Sim, se o homem se priva em favor dos outros, pois Deus não pode ver mortificação quando não há privação séria e útil. Eis porque dizemos que os que só se privam em aparência são hipócritas”.(Ver item 720.) (O Livro dos Espíritos, questão nº724)

"As privações voluntárias, com vistas a uma expiação igualmente voluntária, têm algum mérito aos olhos de Deus?"

“Fazei o bem aos outros e tereis maior mérito”. (idem, questão nº 720)

Referindo-se justamente às crenças hinduístas, em que até mesmo animais perigosos à saúde humana, como baratas e ratos, não podem ser mortos, Kardec indagou:

"Os povos que levam ao excesso o escrúpulo no tocante à destruição dos animais têm mérito especial?"

“É um excesso, num sentimento que em si mesmo é louvável, mas que se torna abusivo e cujo mérito acaba neutralizado por abusos de toda espécie. Eles têm mais temor supersticioso do que verdadeira bondade”.(grifo nosso) (O Livro dos Espíritos, questão nº 736)

Vejamos ainda o que consta de "O Evangelho Segundo o Espiritismo":

"... Amai, pois, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma; desconhecer as necessidades que lhe são peculiares por força da própria natureza, é desconhecer as leis de Deus. Não o castigueis pelas faltas que o vosso livre arbítrio o fez cometer, e pelas quais ele é tão responsável como o cavalo mal dirigido o é, pelos acidentes que causa. Sereis por acaso mais perfeitos, se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, menos orgulhosos e mais caridosos? Não, a perfeição não está nisso, mas inteiramente nas reformas a que submeterdes o vosso Espírito. Dobrai-o, subjugai-o, humilhai-o, mortificai-o: é esse o meio de o tornar mais dócil à vontade de Deus, e o único que conduz à perfeição."

Tal ensino está em perfeita conformidade com o do Cristo, exarado nas seguintes passagens:

"E chamando a si as turbas, lhes disse: Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca o que faz imundo o homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem”. (Mateus, XV:11).

"E respondendo Pedro, lhe disse: Explica-nos essa parábola. E respondeu Jesus: Também vós outros estais ainda sem inteligência? Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce ao ventre, e se lança depois num lugar escuso? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e estas são as que fazem o homem imundo; porque do coração é que saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias. Estas coisas são as que fazem imundo o homem. O comer, porém, com as mãos por lavar, isso não faz imundo o homem. (Mateus, XV: 16-20).

O comentário ao ensinamento de Jesus, contido n'O Evangelho Segundo o Espiritismo, é incisivo:

"...Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que se reformar moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas práticas e continuavam como eram, sem se modificarem."

O respeitado médium José Raul Teixeira, certa feita, comentou a respeito, no que tange à relação entre consumo de carne e prática mediúnica:

Pergunta: "A alimentação vegetariana será mais aconselhável para os médiuns em geral?"

Raul Teixeira: "A questão da dieta alimentar é fundamentalmente de foro íntimo ou acatará a alguma necessidade de saúde, devidamente prescrita.
Afora isto, para o médium verdadeiro não há a chamada alimentação ideal, embora recomende o bom senso que se utilize uma alimentação que lhe não sobrecarregue o organismo, principalmente nos dias de reunião mediúnica, a fim de que não seja perturbado por qualquer processo de conturbada digestão que, com certeza, lhe traria diversos inconvenientes. A alimentação não define, por si só, o potencial mediúnico dos médiuns que deverão dar muito maior validade à sua vida moral do que à comida obviamente. Algumas pessoas recomendam que não se comam carnes, nos dias de tarefa mediúnica, enquanto outras recomendam que não se deve tomar café ou chocolate, alegando problemas das toxinas, da cafeína, etc., esquecendo-se que deveremos manter uma alimentação mais frugal, a partir do período em que já não tenha tempo o organismo para uma digestão eficiente. É mais compreensível, e me parece mais lógico, que a pessoa coma no almoço o seu bife, se for o caso, ou tome seu cafezinho pela manhã, do que passar todo o dia atormentada pela vontade desses alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu uso, deixando de concentrar-se na tarefa, em razão da ansiedade para chegar em casa, após a reunião, e comer ou beber aquilo de que tem vontade. Por outro lado, a resposta dos espíritos à questão 723 de O Livro dos Espíritos é bastante nítida a esse respeito, deixando o espírita bem à vontade para a necessária compreensão, até porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o caráter do vegetariano. Lembremo-nos que o “médium” Hitler era vegetariano e que o médium Francisco Cândido Xavier se alimenta com carne”. (em "Diretrizes de Segurança")

Para os hinduístas, assim como para Ramatis, espírito que ainda traz impregnado certos atavios religiosos e culturais, dos quais não conseguiu despir-se, o ato de fazer abstinências, mortificações ou de cumprir rituais é mais fácil do que perdoar, vencer o orgulho, o ódio e o egoísmo. Muito fácil realmente, para os hipócritas, apegarem-se a fórmulas simplistas e idéias de ordenanças sagradas, pois lhes dão uma ilusória sensação de pureza.

Preocupado com o radicalismo da argumentação ramatisiana, o médium Wagner Borges, que afirma psicografar o citado espírito oriental, arrumou a seguinte justificativa, contida em seu livro "Viagem Espiritual":

"O conteúdo das idéias expostas no livro "Fisiologia da Alma" é de sua autoria, mas o radicalismo das opiniões é de Hercílio Maes, que era fanático por vegetarianismo (...)"

De qualquer forma, falta ao movimento ramatisista reconhecer tal interferência anímica e providenciar uma completa correção nos livros de Ramatis, não é mesmo?

Herculano Pires também comentou acerca da alimentação carnívora x vegetariana:

"Muitos espíritas se surpreendem ao saber que o Livro dos Espíritos não condena a alimentação carnívora e se deslumbram com livros onde ela é condenada. O exemplo da Índia seria suficiente para mostrar-lhes a razão da posição doutrinária. A subnutrição das populações indianas decorre em grande parte da zoolatria, da adoração de animais sagrados. O Espiritismo evita sacrificar o homem ao animal e ao mesmo tempo desviar os que o aceitam de um plano escorregadio de superstições. Nada é mais contrário ao racionalismo da doutrina e mais prejudicial à exata compreensão dos seus princípios do que o sentimentalismo extremado. O sacrifício brutal e brutalizante de animais em nosso mundo é realmente repulsivo. Mas estamos num mundo inferior em que as suas próprias condições naturais levam a isso”. (Mediunidade – Herculano Pires – Edicel – 4ª edição – pág. 100)

Assim sendo, para finalizarmos, pensamos que cada um tem o direito de seguir a dieta que bem entender, sem a pretensão de impor suas preferências às outras pessoas, sob qualquer pretexto. Todos somos do ponto-de-vista que os excessos são prejudiciais, e não é isso que está em questão. Alimentar-se com parcimônia é saudável e constitui-se em prática ideal para todo aquele que deseja ter saúde.

26 maio 2009

Espiritismo, Astrologia e Ramatis

Os astros e o zodíaco
Antes do surgimento dos livros do espírito Ramatis, através do médium Hercílio Maes, poucos eram aqueles que se aventuravam em traçar algum paralelo entre Espiritismo e Astrologia. Não por acaso. Na Codificação Espírita, mais especialmente em "O Livro dos Espíritos" e "A Gênese", os Espíritos Superiores deixaram bem claro que os astros em nada influenciam nossa personalidade ou comportamento, que decorrem sempre do livro-arbítrio e do grau evolutivo alcançado por cada um.

Mas como a "tarefa" dos espíritos pseudo-sábios em nosso meio é o de provocar a confusão e a cizânia nas fileiras doutrinárias, logo estaria certo número de desavisados tomados pela dúvida: o Espiritismo tem algo a ver com a Astrologia e vice-versa?

A resposta para tal questionamento não é difícil de encontrar. Vejamos.

O confrade Richard Simonetti foi recentemente indagado sobre a questão e de maneira muito sucinta e apropriada respondeu:

01 – Os astros governam nossa vida?

Resposta: Apenas no imaginário popular, sempre propenso a aceitar fantasias sobre os mistérios do destino humano. Há pessoas especializadas em ler o nosso futuro na borra do café. Ninguém perde dinheiro apostando na ingenuidade humana.

02 – Mas a Astrologia é milenarmente cultivada, situada como uma complexa ciência…

R. Para os sonhadores… Astronomia, esta sim, uma ciência, demonstra que os movimentos dos astros não guardam a mínima relação com o destino das pessoas.

03 – O fato de nascermos sob determinado signo, uma conjunção de astros no céu, no dia de nosso nascimento, não influi, de certa forma, em nossa personalidade, em nossa maneira de ser?

R. Nossa personalidade é fruto de experiências pretéritas, em vidas anteriores. Admitir que o indivíduo possa ser manso ou um troglodita, ter ouvido afinado ou não saber distinguir um fá de um dó, ter vocação para o estudo ou odiar livros, por influência astrológica é algo tão extravagante quanto a doutrina das graças, segundo a qual Deus teria seus escolhidos para a salvação. E a justiça, onde fica?

04 – Como explicar o fato de que os horóscopos definem o perfil psicológico da pessoa, de conformidade com seu signo?

R. O perfil psicológico no horóscopo é feito de generalidades. As pessoas sempre se encaixam em algumas características apresentadas. Se consultarmos os doze signos do zodíaco verificaremos que em todos há algo de nossa personalidade.

05 – E quanto ao dia-a-dia? Há pessoas que lêem diariamente seu horóscopo com boa margem de acertos.

R. Também é feito de generalidades. Algo como dar tiros no escuro. Alguns atingirão o alvo. Considere, ainda, que sob influência do horóscopo as pessoas criam condicionamentos. Digamos que eu leia que o dia não me será favorável; terei dissabores e contrariedades. Admitindo essa idéia assumirei uma postura negativa que me levará a ver dissabores e contrariedades nas rotinas diárias e até contribuir para que aconteçam.

06 – E poderia ser o contrário?

R. Exatamente. Se eu me convenço, porque li no horóscopo, de que meu dia será maravilhoso, assim tenderá, porquanto estarei estimulado a cultivar o bom humor, convicto de que tudo correrá bem.

07 – Seria tudo condicionado ao poder de nossa mente?

R. Isso é elementar. Por isso a recomendação basilar do oráculo de delfos, não é: “homem, conhece a astrologia”. Recomenda “homem, conhece-te a ti mesmo”. Na medida em que nos aprofundarmos nesse imenso universo que é a nossa alma, decifraremos com muito mais propriedade o nosso destino.

08 – E a opinião do Espiritismo?

R. No livro A Gênese, capítulo 7, Allan Kardec destaca a impropriedade da Astrologia, abordando fatos científicos. A pá de cal sobre o assunto está na questão 867, de O Livro dos Espíritos. Pergunta o codificador: Donde vem a expressão: Nascer sob uma boa estrela? Respondem os espíritos mentores, incisivamente: Antiga superstição, que prendia às estrelas os destinos dos homens. Alegoria que algumas pessoas fazem a tolice de tomar ao pé da letra.

Procurarei ser tão sucinto e objetivo quanto o confrade Simonetti. Diria, com base no Espiritismo e na Ciência Oficial, que a astrologia não é uma ciência e que, assim como a astronomia, ela floresceu na Antiguidade, muito antes da formulação da teoria gravitacional e da teoria eletromagnética e do conhecimento de que todos os astros são compostos da mesma matéria existente aqui na Terra. Não existe matéria "celeste", como acreditava Aristóteles (384-322 a.C.). Mas ao contrário da Astronomia, ela não incorpora as teorias científicas e assume que a Terra está no centro do Universo, rodeada pelo Zodíaco, e a definição dos signos ignora a precessão do eixo de rotação da Terra, ou "dos equinócios", movimento muito bem lembrado por Kardec em "A Gênese".

Do ponto-de-vista moral, acreditar que nossa personalidade é moldada e nosso destino traçado conforme a posição dos astros no momento do nosso nascimento é retirar do homem o livre-arbítrio e reduzi-lo à máquina. Se essa crença supersticiosa fosse levada à sério por todos, logo muitos criminosos justificariam sua más ações usando o argumento de que são maus porque os astros assim o quiseram. Uma maldição, causada por uma desagradável coincidência: a de nascer sob influências negativas, causadas por conjunções astrais desfavoráveis.

Ramatis, contrariamente à Ciência Oficial e ao Espiritismo, tenta "ensinar" diferente: chega a afirmar que Jesus teve que esperar uma conjunção astrológica favorável sob o signo de Peixes para vir à Terra. Para tal, teria esperado 1.000 anos... Necessito dizer (ou escrever) mais alguma coisa, prezado leitor?

19 maio 2009

Ramatis é espírita?

Fachada da Sociedade 'Espírita' Ramatis, no Rio de Janeiro
Um dos argumentos mais utilizados por muitos seguidores de Ramatis é que ele não seria espírita e, por isso, não poderíamos analisar seus ditados pelo prisma do Espiritismo. Este é um argumento um tanto fraco e, até mesmo, com o perdão da palavra, falacioso.

Já de início há uma grande contradição, uma vez que a maioria dos centros que disseminam as idéias ramatisistas ostestam o nome "espírita" na fachada. Além disso, o mesmo acontece na ficha catalográfica dos livros do médium Hercílio Maes.

Ramatis, efetivamente, dentro de sua proposta de propagação do sincretismo em nosso meio, não se intitula "espírita". Mas, evidentemente, ele não o faria, porque isso colide com seu próprio esforço de misturar tudo com Espiritismo, atacando-lhe a unidade, algo que os Espíritos superiores sempre estimularam Allan Kardec a lutar para que se mantivesse.

Sob a fachada de "universalismo", tudo querem ultimamente agregar ao Espiritismo como se fosse a Doutrina algo vago, sem uma proposta, sem um corpo muito bem definido de princípios e postulados. O argumento é que a Doutrina é progressista e aceita novas idéias. No entanto, que idéias novas são essas que vão beber em doutrinas da Antiguidade? Que modernidade é essa que empesteia os Centros de crendices, superstições, rituais e misticismo alienante, desfigurando o atualíssimo pensamento kardeciano?

Que Ramatis não é espírita nós bem o sabemos, mas por que então insistem os ramatisistas em se intitularem como tal, se a todo momento afirmam que a Doutrina está ultrapassada? Alegam termos avançado do século XIX para cá, mas insistem em agregar pensamentos e teorias que datam de mais de 3.000 anos! Com certeza, isso não faz o menor sentido.

Portanto, vai aí o pedido: se querem os simpatizantes de Ramatis ser coerentes com o que professam, não há porque se dizerem espíritas. O que prega Ramatis é inconciliável com o Espiritismo, como muitos antes de nós já puderam verificar. Assim sendo, têm todo o direito de professar a religião ou de seguirem quem quer que seja, mas não se digam espíritas, porque não o são. São "espiritualistas", e nada há de errado em o serem.

18 maio 2009

Onde está o Planeta Chupão de Ramatis?


Como já pudemos expor anteriormente, Ramatis, através de inúmeras obras psicografadas por diferentes médiuns, afirmou que o eixo da Terra se verticalizaria até o ano 2000 em função da aproximação de um planeta. Tal previsão evidentemente não se cumpriu, porém uma pergunta não quer calar: onde estaria esse planeta? Estamos no ano 2009 e nenhum sinal do mesmo.

Estudando o pensamento dos espíritos orgulhosos e que ostentam um falso saber, verificamos que estes, sabendo que a grande maioria das pessoas jamais olharam através de um telescópio e não possuem a minima noção de como é o nosso sistema solar, exploram tal situação para imporem idéias fantasiosas e sem qualquer conteúdo. No caso do espírito Ramatis, assim como de seus seguidores, jamais foi apresentada uma foto sequer ou mesmo qualquer prova científica da existência do referido planeta. Se o planeta fosse do tamanho de Júpiter, o maior planeta de nosso sistema, ou mesmo se fosse tão pequeno quanto o planetóide Plutão, seria visto facilmente pelo telescópio espacial Hubble e até mesmo por telescópios terrestres, como demonstra a foto acima.

A foto, no entanto, jamais apareceu. Não existe prova alguma de sua existência e, além disso, confesso que realmente apreciaria dar uma olhada nos cálculos que mostram com exatidão a aproximação do referido astro com a Terra.

Infelizmente, contudo, ao invés de adotarem a postura de crer com base em fatos positivos, preferem muitos a postura de crer primeiro para então esperar pelas provas, o que é uma escolha que, definitivamente, não diferencia muitos "espiritualistas" dos mais emperdenidos dogmáticos religiosos do passado e do presente.

Agora unidos à outra seita new age, liderada pelos simpatizantes de uma entidade espiritual apelidada de "Comandante Estelar Ashtar Sheran", muito parecida com personagens de ficção científica ou de algum desenho animado, os seguidores de Ramatis apostam no ano 2012 como sendo o ano em que o tal planeta fará seus estragos. Muitos chegam a apostar que seria a oportunidade de seres extraterrenos virem à Terra e apresentarem-se como uma espécie de "salvadores", incluindo o tal "Comandante Sheran"...

De qualquer forma, prefiro "Jornada das Estrelas".

Confira o prezado leitor indícios dessa "união" entre ramatisistas com o pensamento de Ashtar Sheran no link abaixo:

Ashtar Sheran e Ramatis

Já a posição espírita encontra-se consagrada nas palavras do Espírito da Verdade em diálogo com Allan Kardec ocorrido em 12 de maio de 1856 ("Obras Póstumas" - Segunda Parte):

"Sem dúvida, não tendes que temer nem um dilúvio, nem o abrasamento do vosso planeta, nem outros fatos desse gênero, porquanto não se pode denominar cataclismos a perturbações locais que se têm produzido em todas as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza moral, de que os homens serão os instrumentos.”

12 abril 2009

Pareceres à obra "Ramatis, Sábio ou Pseudo-Sábio?"


Aqui transcrevemos alguns pareceres à obra de nossa autoria, a cujos autores agradecemos pela bondade e boa-vontade com que gentilmente expressaram suas abalizadas opiniões:

Celso Martins - Jornalista, professor de Biologia e Física, palestrante e escritor espírita com mais de 30 obras publicadas, foi prefaciador de "Ramatis, Sábio ou Pseudo-Sábio?"

"Vale a pena ser publicado. Tranquilamente - e bem documentado - você coloca tudo nos devidos lugares. Deve ser lançado para que o povo medite e tire as suas conclusões. (...) Eu acho o povo deva ser alertado, embora você, Artur, vá se indispor com os fanáticos. Mas meu pedido - publique já!" (Em carta datada de 08/05/1996)

"Um ensaio maduro. Uma análise desapaixonada e muito bem feita, pedindo-se a quem leia as obras do Espírito Ramatis apenas isto: reflexão serena, ponderação tranquila e fé racional, seguindo os exemplos e as recomendações de Kardec." (Comentário presente na contracapa da obra)

Sérgio Fernandes Aleixo - Professor de Português e Literatura, expositor e escritor, atualmente presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro (ADE-RJ)

"Uma aplicação verdadeiramente prática, exemplificada, da metodologia kardeciana para lidar com o Além-túmulo, aferir o alcance das afirmações dos espíritos e o lugar destes na hierarquia espiritual. Na controvérsia respeitosa encetada pelo corajoso e competente autor, brilham as luzes da razão e do bom-senso, aquelas que também iluminaram a trilha vitoriosa de Kardec em seus inauditos diálogos com o Invisível."

Dulcídio Dibo - Professor universitário, expositor e autor de diversas obras doutrinárias

"Parabéns pelo seu precioso livro. É um livro profundo em que analisa diversas obras que tratam sobre o problemático Ramatis. É em essência uma verdadeira tese sobre Ramatis. Podemos considerá-lo como literatura espírita chamada de "religiosidade de reflexão", onde, em estudos profundos, procura esclarecer a indagação: "Ramatis, sábio ou pseudo-sábio?". (...) Parabéns. Continue estudando a Doutrina Espírita em seu tríplice aspecto. Fuja do Misticismo Popular e do Cientificismo Vulgar que, infelizmente, atinge os que não conhecem a essência doutrinária." (Em carta datada de 31/05/1996)

Hilda Fontoura Nami - Professora de Literatura, revisora e escritora

"Livro excelente, de tese muito bem elaborada. O autor deve ser incentivado a escrever mais. Sua linha de estudo é bem conduzida e seu desempenho é dos melhores, raro de ser encontrado." (Comentário constante da contracapa do livro)

Erasto de Carvalho Prestes - Professor e escritor

"Levado por sua vocação de grande pesquisador, e, calcado nos ensinamentos colhidos nas obras da Codificação, Artur pôde produzir um trabalho realmente excelente de desmistificação, de desmascaramento, de separação do joio do trigo, colocando as coisas nos seus devidos lugares.(...) Nossa opinião, franca e sincera, é que alcançou plenamente esse objetivo.(...)" (Em carta datada de 26/03/1996)

Antônio Plinio da Silva Alvim - Fundador e dirigente (já desencarnado) da Sociedade Espírita Ramatis, na Tijuca, Rio de Janeiro

"É uma obra maravilhosa, acho-a oportuna para um livro." (Em carta enviada em 27/01/1993, após ler um esboço do livro)

Iso Jorge Teixeira - Médico psiquiatra, professor, escritor e articulista espírita

"Se (...) quiser conhecer a relação (ou falta de relação) entre Espiritismo e Ramatisismo, que leia o livro do nosso confrade Artur Felipe de A. Ferreira, intitulado “Ramatis, Sábio ou Pseudo-Sábio?” – Editora EME (...)" (Em artigo publicado no site Terra)

Vitor Hugo S. da Silva - Professor, expositor e diretor da Cruzada Espírita Paulo de Tarso
"Um ponto fundamental da obra começa pelo título, em que interroga sem afirmar ou determinar coisa alguma, deixando o leitor livre para responder, concluir e ficar com a verdade que lhe convier. Contudo, à luz do Espiritismo, parâmetro fundamental para qualquer estudo de análise isenta e imparcial, deixa o leitor à vontade. As dissertações quanto às mensagens do espírito em foco (Ramatis) seguem uma sequência em que podemos verificar as incoerências e discrepâncias quanto à Doutrina Espírita. Concluindo, podemos destacar, ao estudioso sério, que determinados pontos defendidos por médiuns ou espíritos desencarnados devem ser criteriosamente colocados à luz da razão e do bom-senso, sempre."

J.B. Garcia, diretor responsável pela revista espírita mensal "Depoimentos", em artigo na citada revista (Ribeirão Preto, setembro/1997)

"(...)Podemos informar aos leitores que, se alguém tiver qualquer dúvida quanto à idoneidade ramatisiana, deve ler com tranquilidade aquela sua obra. O jovem professor universitário, com apenas 26 anos, mostra a que veio - o Terceiro Milênio. Tão cedo e tão jovem, mostrou que sabe pesquisar, fazendo-o com isenção e segurança. Colocou a obra de Kardec à frente da obra de Ramatis e esta desabou inapelavelmente, resvalando para a calha das mistificações".

Lilian Silva, estudante de Ilhabela - SP, em missiva datada de 27 de novembro de 1998

"Quero dizer-lhe que há muito não via um trabalho contemporâneo tão bem fundamentado e elaborado, ainda mais vindo de um autor jovem como você. Nesses tempos em que a falta do hábito de leitura e estudo de nosso povo, aliado à tendência de mesclar várias culturas, contribuindo para confundir e deturpar a Doutrina Espírita, é um consolo ler um livro como o seu."

20 março 2009

Ramatis e os Intraterrenos

A Terra por dentro
Confesso, amigos leitores, que a cada dia fico mais impressionado com a fértil imaginação de encarnados e desencarnados. Os primeiros, por acreditarem nos maiores absurdos supostamente vindos do mundo espiritual e de espíritos superiores, e os segundos pela capacidade de veicularem um sem número de ideias fantasiosas com o intuito de enganar e iludir os incautos, expondo-os ao ridículo.

Deparamo-nos, faz algum tempo, com a tese da existência de seres chamados de "intraterrenos", que viveriam no "interior oco da Terra", sendo superiores a nós, tanto moral como intelectualmente. Segundo os crentes na existência dos mesmos, esses seres, humanos como nós, muitos deles tidos como mortos e desaparecidos aqui na "superfície", habitam enormes cidades subterrâneas cortadas por túneis e corredores, e também por ruas e avenidas. São cercados de tipos "diferentes" de animais e plantas, e têm como "missão" auxiliar os que vivem na superfície... Segundo ainda os relatos de ramatisistas, os intraterrestres alimentam-se essencialmente de frutos e leguminosas, sendo suas necessidades metabólicas menos elaboradas.

Tudo seria muito bonito e agradável ao "paladar" dos místicos em geral, se não fosse algo que afronta os mais elementares rudimentos da física, geologia, biologia e química.

Como podemos ver na figura acima, não existe interior oco algum, e, mesmo se existisse, a vida humana ou de qualquer ser vivo seria impossível, devido às altíssimas temperaturas e à ausência de oxigênio. Aliás, o magma que é expelido do interior dos vulcões é o atestado mais visível de que não há a menor possibilidade de existirem essas tais cidades.

O espírito Ramatis, assim como muitos dos seus seguidores, parecem aceitar essa fantasiosa hipótese. O Grupo de Estudos Ramatis (GER) e o "universalista" Laércio Fonseca são os principais defensores da existência de intraterrenos. Na internet, circula um documento da citada instituição em que certos detalhes sobre a dita civilização são fornecidos, tendo como base comunicações dadas pelo espírito Ramatis. Confiram e avaliem por si sós:

http://www.extraseintras.com.br/livros/Cidades_Intraterrestres.pdf (copie e cole no seu navegador. Só assim é possível o acesso)
http://saudeperfeitarfs.blogspot.com/2007/06/cidades-intraterrestres-1.html
http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/ufovia/intraterrenos.htm

Há quem diga tê-los fotografado, inclusive. Vejam no link abaixo:

http://www.pegasus.portal.nom.br/imagens10.htm

A geologia nos ensina que podemos dividir as camadas da Terra em três, mais precisamente chamadas de geosferas: a crosta, o manto e o núcleo.

A crosta é a camada mais externa do planeta e é a parte superior da litosfera, com uma espessura variável de 5 a 70 km. É constituída principalmente por basalto e granito e fisicamente é menos rígida e mais fria do que o manto e o núcleo da Terra.

O manto fica diretamente abaixo da crosta, prolongando-se em profundidade até ao limite exterior do núcleo. O manto terrestre estende-se desde cerca de 30 km de profundidade (podendo ser bastante menos nas zonas oceânicas) até aos 2900 km abaixo da superfície (transição para o núcleo).

Já o núcleo, tido pelos ramatisistas como sendo oco, divide-se em:

- núcleo externo, que é a camada que se situa entre o núcleo interno (sólido) e o manto terrestre. Ele é formado por ferro e o material está em estado líquido. Essa descoberta se deve em grande parte ao estudo das ondas sísmicas e da sismologia. É essa região que forma o campo magnético da Terra. O campo é causado devido a movimentação do fluido condutor de eletricidade, em um fenômeno parecido com o movimento das bobinas em um gerador elétrico. Atualmente, cientistas acreditam que o núcleo externo está ligado à inversão da polaridade magnética do planeta, ocorrida no passado.

- núcleo interno, que é a parte mais interna da Terra, estendendo-se por três mil e quinhentos quilômetros, do centro do planeta para o exterior. A ciência atesta que ele é metálico, formado principalmente por ferro, com um pouco de níquel e outros materiais misturados. A temperatura do núcleo da terra é muito alta, cerca de 6 mil graus Celsius. Na parte mais externa, o material que forma o núcleo interno é sólido enquanto o material do núcleo externo se encontra na forma líquida.

Grande parte do conhecimento de que dispomos sobre o núcleo provém de evidências geofísicas, de geomagnetismo e sismologia.

Infelizmente, portanto, vemos pessoas indo em direção ao tortuoso caminho da alienação mistico-religiosa, deixando de lado a sensatez e a lógica para aventurarem-se em crenças sem a menor base racional. Equivocam-se aqueles que acreditam que basta um espírito usar palavras bonitas, como amor, caridade, evolução, que, pronto! - podemos confiar cegamente no que ele diz. Isso é um grande erro, porque esta é a chave que espíritos mistificadores e pseudossábios se utilizam para fazerem-se acreditar. Podemos também notar nas mensagens dessas entidades o elogio disfarçado aos médiuns e aos membros dos grupos, através de ditados que exaltam a importância da "missão" dos mesmos, ao mesmo tempo em que procuram fazê-los surdos às advertências externas em relação à veracidade das informações. No primeiro link deste artigo, essa estratégia de convencimento ficou bem evidente.

14 fevereiro 2009

"Férias" em Fobos e Deimos?

Os satélites de Marte são muito pequenos para abrigar toda uma população de férias
O querido leitor deve ter, logo de cara, estranhado o título do artigo, mas logo explicaremos do que se trata.

Antes de qualquer coisa, se faz necessário esclarecer que o Espiritismo aceita como plenamente possível a existência de vida em outros planetas. Não seria racional acreditar que Deus teria criado o Universo infinito para só aqui abrigar vida inteligente, neste diminuto e insignificante planeta chamado Terra. Hoje, a Ciência admite plenamente essa realidade, sendo que recentemente novos cálculos feitos por Duncan Forgan, um astrofísico da Universidade de Edimburgo, na Escócia, apontam para a existência de civilização em até quase 40 mil planetas só nas cercanias de nossa galáxia.

No entanto, nem a posição espírita, nem a posição da Ciência oficial, podem servir de justificativa ou mesmo prova para que se dê credibilidade total a qualquer relato dos espíritos neste sentido, ainda mais quando vêm acompanhados de detalhes e narrações bizarras que, nas mais das vezes, encontram-se repletas de erros e inexatidões.

Em "O Livro dos Espíritos", os espíritos superiores de antemão alertam que os espíritos não nos vêm poupar dos trabalhos que nos competem, i.é, não revelam aquilo que cabe a nós, encarnados, através do esforço, descobrirmos por conta própria.

A Ciência Espírita, seguindo esse mesmo princípio, tem por objetivo o espírito, suas manifestações na Terra e suas relações com os homens. O Espiritismo estuda e pesquisa o mundo espiritual e não mundo materiais.

Segundo o astrônomo espírita Dulcídio Dibo, muitas comunicações sobre a vida em outros planetas contrariam os princípios metodológicos do Espiritismo, além de estarem opostas aos resultados das pesquisas astronômicas e científicas em geral. E deduziu o seguinte:

"1 - Não são todas as comunicações dos espíritos (mesmo os conhecidos como astrônomos) que devem ser consideradas válidas;

2 - A pluralidade dos mundos habitados é corolário do princípio da reencarnação e vice-versa: é neste sentido que as informações dos espíritos interessam ao Espiritismo;

3 - O problema científico do esclarecimento da vida material em outros planetas não compete à Doutrina Filosófica Espírita, mas, sim, à Astronomia e, mais recentemente, à Astronáutica. Da mesma maneira, o problema da vida espiritual em outros planetas ou astros compete à Doutrina Filosófica Espírita;

4 - A pesquisa das condições dos ambientes ecológicos dos planetas e de seus possíveis habitantes pertence aos homens e não aos espíritos;

5 - Os espíritos podem e estão transmitindo as informações que quiserem; contudo, o Espiritismo deve aguardar as confirmações, ou não, da habitabilidade dos planetas pelas pesquisas científicas dos homens".

Voltado ao título deste artigo, encontramos no livro de Ramatis "A Vida no Planeta Marte e os Discos...", no capítulo XXVII, intitulado "Viagens Interplanetárias", a afirmação por parte do citado espírito de que os marcianos costumam realizar viagens ao satélites naturais daquele planeta através de uma linha de vôo regular aos fins-de-semana. O "interessante" é que Ramatis cita a grandeza da civilização marciana, com suas enormes metrópoles e indústrias, o que só fariam sentido em existir em um planeta densamente povoado. No entanto, estudando sobre os satélites marcianos, verificamos que os mesmos são diminutos em tamanho: Fobos tem um diâmetro aproximado de 22km e Deimos não ultrapassa 11,5km. Assim sendo, uma quantidade extremamente pequena de marcianos poderia visitá-los sem acarretar um grande problema de falta de espaço. Além disso, Deimos e Fobos estão longe de ostentar uma forma esférica. Ao contrário, mostram grande discrepância entre seus respectivos eixos maiores e menores. O resultado disso é o estranho aspecto que apresentam e que faz lembrar duas gigantescas batatas deformadas. São também os corpos mais escuros do sistema solar, pois não refletem mais que 5% da luz solar. Baseado no próprio relato de Ramatis, os marcianos ingerem água. Pelo jeito, teriam de levar uma grande quantidade do líquido até os dois satélites, porque sequer há traços de enrugamento em suas superfícies, demonstrando, assim, jamais ter existido água por lá.

Verificamos, portanto, mais uma vez, que o espírito Ramatis, para passar uma idéia de superioridade espiritual, aventurou-se a falar daquilo que não sabia, não contando que, anos mais tarde, o homem teria condições de enviar sondas não-tripuladas e fotografar Marte e seus satélites, além de contar também com o avanço dos instrumentos óticos para observação.

Em resumo: os Espíritos não se manifestam para libertar o homem do estudo e das pesquisas, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, os espíritos o deixam entregue às suas próprias forças. Isso sabem-no hoje perfeitamente os espíritas sérios e lúcidos. A experiência há demonstrado ser errôneo atribuir-se aos Espíritos todo o saber e toda a sabedoria e supor-se que baste a quem quer que seja dirigir-se ao primeiro Espírito que se apresente para conhecer todas as coisas.

Já a insistência do argumento ramatisista de que os "marcianos" possam estar em outra "faixa vibratória" e que não podem ser detectados, além de ir contra o texto do próprio Ramatis, é uma forma de tornar a tese jamais passível de verificação, e, portanto, fazê-la não-científica.

Recentemente, Ramatis teria previsto a aparição de extraterrenos:

"Os irmãos extras preparam-se para, muito em breve, manter contato direto conosco, no início através de sinais nos céus e por fim pousarem no campo e depois nas cidades, à vista de todos. Então, as pessoas devem estar preparadas para recebê-los com tranqüilidade e confiança, na certeza de que estão aqui para socorrer-nos, evitando-se afobações, correrias e tropéis que só servem para aumentar o sofrimento e o desperdício de almas. Após os primeiros contactos haverá informações sobre como as pessoas devem proceder com relação ao recebimento de ajuda." (mensagem recebida pelo Grupo de Estudos Ramatís)

Nem esperemos pra ver, porque certamente nada disso acontecerá, a não ser, talvez, no próximo filme do Steven Spielberg...

26 janeiro 2009

À feição de seita apocalíptica

Livro Mensagens do Astral, de Ramatis, que trata da questão do astro instruso e previsões para o futuro do planeta
Todos nós conhecemos ou pelo menos já ouvimos falar de alguma seita ou religião que prega ou pregou o fim do mundo, cujos desfechos, para muitos seguidores, foram os piores possíveis.

Geralmente, esses grupos se utilizam do livro "Apocalipse", de João, o evangelista, constante da Bíblia, para divulgarem suas idéias de destruição do planeta e justificarem suas missões de "salvação".

No passado, na entrada do ano 1000, muitos crentes nessas profecias abandonaram propriedades e terrenos, de olho na última hecatombe. Como nada aconteceu, tiveram que recomeçar a vida do nada, depois de doar até a roupa do corpo a congregações religiosas.

Com o advento do aquecimento global, tem ganhado força o discurso daqueles que acreditam em catástrofes que seguramente, da forma com que são descritas, varreriam a raça humana do planeta.
Embora a visão espírita seja diametralmente contrária a tudo isso, volta-e-meia surgem indivíduos ou grupos que se infiltram no Movimento Espírita divulgando tais idéias de "fins do tempos". O maior incentivador das mesmas em nosso meio: o espírito Ramatis.

Tudo começou, como já vimos aqui neste espaço, com a publicação do livro "Mensagens do Astral", ditado por Ramatis e psicografado por Hercilio Maes, em Curitiba-PR, e que chegou a ter o título "Conexão de Profecias", modificado logo após as primeiras edições. Segundo essa obra, um planeta, chamado de "astro intruso" e apelidado de "planeta chupão", também conhecido como "planeta X", Hercólubus, Planeta Higienizador, etc., aproximar-se-ia da Terra de tal forma que o eixo terrestre sofreria uma abrupta elevação, que teria iniciado por volta de 1950 e alcançaria seu ápice até o ano de 1999. Esse astro intruso teria uma órbita excêntrica em torno do Sol, com um ciclo de 6.666 anos, sendo que sua primeira função seria atrair e sugar os espíritos inferiores responsáveis pela violência, pelas injustiças e imoralidades presentes na Terra. Tal advento ceifaria a vida de dois terços da população mundial, que seria sugada pelo tal astro...

Tal "revelação" alcançou o movimento espírita de maneira bombástica, principalmente entre aqueles não muito afeiçoados ao estudo da Codificação. Durante anos, ouviu-se falar nesse "grande" advento, transmitido como se fosse o autêntico posicionamento espírita sobre a questão.

O tempo se passou e a Verdade prevaleceu: as profecias retumbantes e catastrofistas de Ramatis esboroaram-se.
Livros, como o "2000, Nosso Último Ano no Planeta Terra", foram escritos inspirados no pensamento ramatisiano, aturdindo as mentes mais sensíveis e ingênuas e jogando o Espiritismo na vala comum das seitas catastrofistas e sem conteúdo do presente e do passado.

Interessante notar que, ainda hoje, mesmo não tendo se cumprido a previsão de Ramatis, há grupos que insistem em defender essa idéia, entre eles o GER - Grupo de Estudos Ramatis , que alega ainda ter contatos com extraterrestres "em nível mental e físico". Tudo, claro, atrás de uma fachada repleta de cientificismo vulgar, que prega o amor universal e, pasmém, o Espiritismo. Um belo exemplo de como essas mensagens colaboram para o desvirtuamento da mensagem espírita e subrepticiamente conduzem a estados mentais confusos e alienantes, extremamente danosos à saúde espiritual e mental de muitas pessoas.
Abaixo, mais links para que os leitores possam certificar-se daquilo que aqui afirmamos:

http://www.extraseintras.com.br/
http://www.jluciano.eti.br/profecias/ramatis.htm

Infelizmente, são poucos os que conhecem a Codificação Espírita. Caso a mesma fosse devidamente estudada, crendices como essas que aqui mencionamos não teriam vez em nossas fileiras, haja vista que os Espíritos Superiores foram bem claros na resposta à pergunta do Codificador a esse respeito e nos comentários que se seguem, que aqui transcrevemos:

P. — "Confirmas o que foi dito, isto é, que não haverá cataclismos?"

R. — "Sem dúvida, não tendes que temer nem um dilúvio, nem o abrasamento do vosso planeta, nem outros fatos desse gênero, porquanto não se pode denominar cataclismos a perturbações locais que se têm produzido em todas as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza moral, de que os homens serão os instrumentos". (em 12 de maio de 1856)

"Tudo segue a ordem natural das coisas e as leis imutáveis de Deus não serão subvertidas. Não vereis milagres, nem prodígios, nem fatos sobrenaturais, no sentido vulgarmente dado a essas palavras.

Não olheis para o céu em busca dos sinais precursores, porquanto nenhum vereis, e os que vo-los anunciarem estarão a enganar-vos. Olhai em torno de vós, entre os homens: aí é que os descobrireis.(...)

Não acrediteis, porém, no fim do mundo material. A Terra tem progredido, desde a sua transformação; tem ainda que progredir e não que ser destruída. A Humanidade, entretanto, chegou a um dos períodos de sua transformação e o mundo terreno vai elevar-se na hierarquia dos mundos.

O que se prepara não é, pois, o fim do mundo material, mas o fim do mundo moral. É o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do orgulho, do egoísmo e do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva consigo alguns destroços. Tudo dele acabará com a geração que se vai e a geração nova erguerá o novo edifício, que as gerações seguintes consolidarão e completarão."